São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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Bloco do Ilê Aiyê faz seu desfile hoje

PATRICIA DECIA
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

O Ilê Aiyê, primeiro bloco afro da Bahia, criado há 22 anos, vai fazer seu primeiro desfile hoje, saindo da sede da entidade, no bairro da Liberdade (o de maior população negra da cidade de Salvador).
O início do desfile está previsto para às 21h, em frente à sede do Ilê, na rua Lima e Silva.
Na madrugada de ontem, saiu pela primeira vez a versão alternativa do bloco, o "Eu Também Sou Ilê". Segundo o presidente do Ilê Aiyê, Antonio Carlos dos Santos, o Vovô, o bloco alternativo foi idealizado para atender "o pessoal que curte, mas não podia sair e cobrava muito isso" e criar mais um "produto Ilê Aiyê". Neste, só negros podem desfilar.
Participaram apenas 20% de brancos, segundo Vovô. "A maioria dos brancos quer participar de algum grupo quando existe uma restrição. Aí você cria o alternativo e vê que a comunidade branca não tem esse interesse todo."
O "Eu também..." desfila novamente amanhã, na Barra, quando é esperada a participação de fãs famosos, como o cantor Caetano Veloso e a atriz Regina Casé.
A cantora Daniela Mercury disse que não sairá no alternativo. "Não tem a mesma magia daquele povo azul desfilando. Eu prefiro que o Ilê continue lá, todo negro", disse.
O desfile começou à 1h30, no Farol da Barra. Com apenas 40 percussionistas -o Ilê tradicional sai com cerca de cem-, o "Eu também..." reuniu menos de 200 foliões.
Outras 200 seguiram o desfile da avenida Oceânica até Ondina. A expectativa era atrair cerca de mil pessoas.
A fantasia seguiu o padrão tradicional do Ilê Aiyê -estampas afro, nas cores vermelho, amarelo, preto e branco.
Vovô reclamou da falta de patrocínio para os blocos afro. "As empresas têm medo de associar seus produtos aos negros. Elas se esquecem que somos maioria", afirmou o presidente do Ilê Aiyê.

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