São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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BC atua no over e Bolsa paulista recua

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com saques em dinheiro nas agências bancárias estimados pelo mercado em R$ 800 milhões, o dinheiro ficou curto ontem no over.
O BC (Banco Central) foi obrigado a atuar duas vezes para aliviar o caixa dos bancos.
Recomprou títulos que vencem no dia 21 pela taxa-over de 3,81% e, depois, vendeu dinheiro cobrando juros de 3,82%.
O saque nas agências é episódico -afinal, faça chuva ou faça sol, é Carnaval. Mas o aperto na liquidez não é tão fugaz.
BC e Tesouro continuam vendendo mais títulos do que o resgate previsto.
Culpa do ingresso de dólares -ontem, mais recursos de um eurobônus entraram no país e interromperam a alta das cotações do dólar comercial (exportações e importações)- e do déficit nas contas do governo.
Ontem mesmo, o BC vendeu novo lote de BBCs pela taxa-over de 3,238% e "enxuga", na quarta-feira, outros R$ 300 milhões.
O "furo" no mercado é estimado em aproximadamente R$ 1 bilhão, o que explica a taxa de juros ter encostado no "teto" de 3,8%.
Mas o que assustou mesmo o mercado não foram os juros pressionados no Brasil -até porque juro é preço controlado pelo BC, que já disse que a trajetória é de queda.
Foi a elevação das taxas pagas nos títulos de 30 anos norte-americanos, que bateram em 6,24%.
A Bolsa paulista fechou em baixa de 1,91%, mas o mercado futuro caiu 3,08%. Os títulos da dívida também recuaram de forma significativa.
Havia rumores de que fundos dos EUA teriam vendido seus títulos para quitar aplicações em ienes -o que tornaria a alta dos juros apenas momentânea.
Outros analistas, porém, preferiam justificar a elevação com os números sobre o comportamento da economia dos EUA. Eles indicam que a locomotiva está andando em um ritmo maior do que o esperado.
Se isso se confirmar, pior para o Brasil. O espaço para a redução dos juros no país diminuiria.
A BM&F passou a divulgar a cotação diária dos títulos da dívida brasileira. Em meados de março, deve lançar os contratos futuros dos títulos.

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