São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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Tchetchênia pode ter sido erro, diz Ieltsin

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Em seu primeiro dia após anunciar a candidatura à reeleição, o presidente da Rússia, Boris Ieltsin, disse que a invasão da Tchetchênia foi "possivelmente" um erro.
"Passei muitas noites acordado pensando que, talvez, pudesse ter agido de outro modo", disse em discurso a operários de Cheliabinsk, nos montes Urais.
Segundo ele, uma retirada gradual das tropas da República Autônoma separatista poderia ser uma boa solução, mas que ainda será necessário usar a força porque existe o risco de os guerrilheiros ocuparem Daguestão, Karachevo-Circasia e outras Repúblicas.
"Queremos retirar as tropas", disse, sem fixar prazo, mas deu a entender que isso acontecerá ainda antes das eleições: "Acho que tudo estará acabado em dois, três ou quatro meses". As eleições acontecem em 16 junho.
A Tchetchênia é uma parte da Rússia que declarou sua independência e foi invadida em dezembro de 1994. Mesmo assim, o líder rebelde Djokhar Dudaiev ainda controla parte do território.
Ieltsin voltou a dizer ontem que não abre mão de capturá-lo. Para Ieltsin, "é muito difícil negociar com os guerrilheiros", e por isso é necessário usar a força.
Ontem, as tropas russa encerraram a demolição do palácio presidencial da Grozni (capital), símbolo da resistência separatista. Nos arredores da cidade, rebeldes tomaram oito policiais como reféns.
A guerra civil na Tchetchênia foi um dos principais fatores de desgaste do presidente russo, que aparece atrás dos neocomunistas nas pesquisas.
Em um encontro com empresários, Ieltsin atacou os seus adversários: "A Rússia não vai sobreviver a outro 1917 (o ano da revolução comunista que levou Lênin ao poder)", disse.
Seu discurso eleitoral vem sendo o de que as reformas são necessárias, e só ele pode fazê-las. Ele quer demonstrar que a eleição dos comunistas representará o fim do investimento externo no país.
Ele propôs também uma reforma no sistema bancário. A Rússia tem hoje 2.500 bancos, a maioria em poder de "mafiosos", segundo o presidente.
Outra promessa de campanha de Ieltsin foi manter o preço da vodca. "Alguns dizem que o preço (da bebida) está muito baixo e que deveríamos aumentá-lo. Mas eu não tenho coragem."
Ele disse aos operários da fábrica de Cheliabinsk que no seu governo não há mais filas de até dois quilômetros para comprar a bebida e que a população não sofre com o problema de desabastecimento nas lojas, como ocorria no período da extinta União Soviética.
A oposição a Ieltsin acusou-o ontem de estar tentando manter os meios de comunicação ao seu lado durante a campanha. O motivo da acusação foi a demissão de Oleg Popstov chefe da TV estatal.

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