São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
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Sindicalistas têm divergências

REINALDO AZEVEDO; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, rimam na prática, mas não na solução. Ambos estão pouco se importando se as negociações que conduzem atropelam ou não o Congresso Nacional.
Vicentinho chegou a dizer que os deputados do próprio PT ficaram "chateadinhos" com a decisão da central de negociar, mas pergunta: "De que serve uma central se ela se negar a negociar?"
Aos que dizem que ele negociou recuos em relação à Constituição de 88, responde: "O projeto inicial do governo era muito pior. Se não negociássemos, haveria o rolo compressor, e os trabalhadores perderiam mais direitos".
O presidente da CUT, no entanto, não engole o acordo que Paulinho tentou fazer com as empresas em nome do aumento de emprego, acordo criticado pela própria Justiça do Trabalho.
Paulinho, ligado à Força Sindical, responde à CUT e à Justiça com o mais pragmático dos argumentos: se o acordo servir para abrir mais postos de trabalho, ele já se justifica. O próprio presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a acenar para Paulinho em sua mensagem de abertura do ano legislativo, na última quinta-feira.
No que faz muito bem, avalia o cientista político Bolívar Lamounier, pesquisador do Idesp (Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo) e amigo do presidente da República.
Lamounier diz achar "perfeitamente normal que a CUT negocie reformas da Previdência" e não vê crise no modelo representativo: "Se o governo estivesse negociando a dívida agrícola, o setor deveria ser consultado".
O professor ressalva não conhecer no detalhe o acordo de Paulinho, mas diz que há "uma tendência mundial por acordos negociados, mais flexíveis".
(Reinaldo Azevedo e Daniel Bramatti)

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