São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
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Brasil só atrai 0,1% de turistas britânicos

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

O Brasil é o destino escolhido por apenas 0,1% dos britânicos que viajam ao exterior. De cerca de 26,3 milhões de viagens realizadas anualmente, 26 mil são para o Brasil.
Medo da violência, preços altos e falta de informação são os principais motivos pelos quais os britânicos não se interessam em viajar para o Brasil, segundo agentes de viagem do Reino Unido ouvidos pela Folha.
"Existe a percepção de que o Brasil é perigoso, e de fato é", diz Steve Collins, da agência Journey Latin America, especializada em viagens para a América Latina.
Collins considera também que os preços de hotéis e serviços em geral estão cerca de 40% mais altos desde a introdução do real -parte devido à valorização da moeda em relação ao dólar, parte porque os "preços subiram mesmo".
Também as tarifas aéreas para o Brasil são elevadas. "Não há charters e os vôos internos são caros", diz.
Na Kuoni Travel, uma viagem de 12 dias para o Brasil custa US$ 2.560. Quinze dias no México sai por US$ 1.440. "Com essa diferença, o público opta pelo México".
Ela também defende uma campanha de divulgação. "É importante educar os turistas britânicos. Mostrar a riqueza histórica e cultural do Brasil, as praias, a natureza, as cidades", afirmou.
Para Julia Paviour, da Bales Tour, também de Surrey e especialista em tours ecológicos, o país deveria vender sua "vida selvagem".
Segundo ela, os britânicos pensam na América do Sul como um todo. "Eles não conhecem as características de cada país", diz.
O governo brasileiro não tem escritório de turismo em Londres. "Isso viraria um cabide de empregos", afirmou o embaixador.
Em 1994, a embaixada criou o comitê "Visite o Brasil", que se reúne seis vezes por ano e é integrado por cerca de 12 agências de viagem britânicas, além da Varig e da British Airways.
Este ano, o comitê pagará as despesas de dez jornalistas britânicos da área de turismo para visitar o Brasil. "Não há verba, no entanto, para uma ampla campanha publicitária", afirma o embaixador brasileiro.

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