São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
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Uma das exigências é a profissionalização

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Abrir o capital não deve ser o objetivo número um do comércio que quer ser competitivo. Antes disso, a empresa precisa profissionalizar-se.
Esta é a opinião de Paulo Mallmann, diretor-financeiro do BIC Banco. Segundo ele, as empresas do comércio no Brasil têm na sua maioria administração familiar.
"A profissionalização do comércio tem de acontecer por etapas. Além da contratação de executivos para gerenciar a empresa é preciso que a loja estude questões mercadológicas como o que vender, a localização de pontos etc."
Desafios
Para Mallmann, o comércio não vai se tornar eficiente da noite para o dia ao abrir o capital. "Para competir em pé de igualdade com as redes internacionais, as empresas precisam se preparar para enfrentar os desafios."
Segundo ele, os pontos principais que o comércio deve atacar são: escolher bem o mix de produtos, informatizar lojas para cortar custos, investir em telemarketing, agilizar processo de venda e entrega de produtos, entre outros.
Ele diz que a ligação de lojas por computadores permite, por exemplo, a manutenção de estoques realistas, o que possibilita o corte nos custos.
Para Eduardo Rangel, gerente de mercado de capitais do Banco Pactual, não basta a empresa abrir o capital para fortalecer a sua presença no varejo. Segundo ele, é preciso mostrar resultados para os investidores.
Isso porque esse público quer ter total compreensão sobre onde está fazendo as aplicações. É que ninguém está disposto a colocar o dinheiro em uma "caixa preta".
Pesquisa de intenções
Uma pesquisa feita pela empresa de consultoria Arthur Andersen com 127 empresas da indústria e do comércio mostra que 59% delas planejam captar dinheiro nos mercados de capitais do Brasil e do exterior.
Segundo a pesquisa, 41% das empresas informam que não têm interesse em captar recursos no mercado de ações.
As 127 empresas consultadas estão instaladas nas principais regiões do país. Desse total, 69% têm capital nacional e 31% são estrangeiras. Juntas, elas somam faturamento anual de US$ 76 bilhões.
Números crescentes
No ano passado, 60 empresas abriram o capital no país. Esse número é 40% maior do que o de 1994 (43 empresas) e 216% maior do que o de 1993 (19 empresas), informa a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Luis Fernando Teixeira, analista da CVM, diz que, ao contrário de anos anteriores, o departamento de registros da entidade está neste momento analisando pedidos de registros de muitas empresas, o que é atípico nesta época do ano.
"Há de fato maior movimentação das empresas para abrir o capital e vender ações no mercado."
Na sua análise, com a estabilização, os investidores têm horizonte mais claro para investir em atividades de risco. Isso explica o aumento de empresas dispostas a abrir o capital.
(FF e MCh)

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