São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
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EUA têm prévia decisiva na terça

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A partir desta terça-feira, o quadro da sucessão presidencial nos EUA vai ficar mais claro, com os resultados da eleição primária do Estado de New Hampshire, a primeira e uma das mais importantes da temporada eleitoral.
A eleição primária de New Hampshire (Costa Leste dos EUA) tem sido realizada a cada quatro anos desde 1920.
Mas só começou a ser levada a sério a partir de 1952.
Se as mais recentes pesquisas de intenção de voto se confirmarem, o grupo de possíveis adversários de Bill Clinton talvez se reduza a apenas três após New Hampshire: os republicanos Bob Dole, Pat Buchanan e Lamar Alexander.
Se o empresário Steve Forbes terminar em quarto lugar, como se prevê, será carta quase tão fora do baralho quanto Phil Gramm na semana passada, após ter terminado em quinto nas convenções realizadas em Iowa (Meio Oeste).
Dole, que venceu apertado em Iowa, precisa ganhar de novo. New Hampshire já enterrou suas esperanças presidenciais em 1988 (George Bush o derrotou por 37,6% dos votos a 28,4%). Para ele, o favorito, vencer ali é vital.
Desta vez, quem o ameaça é o jornalista Pat Buchanan, que já o assustou em Iowa. Mas quem realmente o apavora a médio prazo é Alexander.
Alexander não precisa terminar em primeiro na próxima terça para continuar crescendo e roubar, mais tarde, a candidatura da oposição, que Dole, com a concordância da maioria dos analistas americanos, já considerava sua.
Mesmo que vença em New Hampshire (onde em 1992 conseguiu impressionantes 37,4% dos votos contra o então presidente Bush, que teve 53%), Buchanan ainda deverá ser uma candidatura improvável.
É consenso no Partido Republicano que ele defende visões extremistas demais para ter chances em novembro contra Clinton.
Não é o caso de Alexander. Ele não precisa nem mais temer o tabu de que para ser presidente dos EUA é indispensável vencer a primária de New Hampshire.
Bill Clinton acabou com a tradição em 1992. O então candidato conseguiu ali há quatro anos o que Alexander ambiciona agora: provar que é viável.
Em 1992, Clinton terminou em segundo em New Hampshire, com 24,7% dos votos, atrás de Paul Tsongas, que teve 33,2%.
Dole vem atacando Alexander por não ter, como governador do Tennessee, feito muito para reduzir impostos, a ação política mais apreciada pelos eleitores de New Hampshire.
O Estado tem profundas raízes libertárias em assuntos econômicos. Foi o primeiro a declarar independência da Inglaterra por causa de questões fiscais, tem favorecido por séculos a autonomia dos governos municipais e seus impostos estaduais são os mais baixos dos Estados Unidos.
Nos últimos 35 anos, por causa disso, New Hampshire atraiu negócios de Estados vizinhos e sua economia cresceu muito.
Os impostos baixos passaram de tese à condição de quase dogma para os eleitores locais.
A população de New Hampshire é de 1,1 milhão de habitantes (0,4% do país), 98% dela constituída de brancos.
A taxa de desemprego é baixíssima (3,1%), e a renda domiciliar média, maior do que a nacional (US$ 37.964).
New Hampshire é muito pouco representativo dos EUA. Mesmo assim, sua eleição primária continua sendo importantíssima.
Há no Estado 258 mil filiados ao Partido Republicano e 220 mil filiados ao Democrata (no qual Clinton concorre sozinho) habilitados a votar na terça-feira nas primárias de seus partidos.
Os 184 mil eleitores sem filiação partidária podem escolher em qual primária votar.
Aguarda-se que a maioria dos independentes prefira votar este ano na eleição republicana, que concentra a atenção nacional.
Os republicanos escolhem 16 delegados à convenção nacional do partido (de um total de 1984), e os democratas, 26 (de 4.295).

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