São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 1996
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Império desfila com enredo engajado

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

O sociólogo Herbert de Souza, homenageado pela escola de samba Império Serrano como o Dom Quixote moderno, vai enfrentar hoje na Marquês de Sapucaí o luxo da Imperatriz Leopoldinense, bicampeã, e o erotismo da milionária Beija-Flor.
A luta tem nuances quixotescas. A Império Serrano, 15ª colocada em 1995, tenta empolgar com um enredo engajado sobre a campanha contra a fome. Com poucos recursos, a escola produziu um dos melhores sambas do ano, sucesso de crítica e público.
Oitenta ativistas do Movimento dos Sem-Terra desfilarão com artistas engajados na campanha contra a fome de Betinho, como Glória Pires, Letícia Sabatela, Ângelo Antônio, Fernanda Abreu, Tania Alves, Chacal, Marcos Winter e Marcos Palmeira.
No ano passado, mesmo sem empolgar, a escola recebeu dez em todos os quesitos.
Os cofres cheios da escola de samba de Ramos (zona norte), cujo patrono é o banqueiro do jogo do bicho Luizinho Drumond, receberam um reforço de US$ 100 mil da Áustria.
Naquele país, nasceu a mulher de dom Pedro 1º, que será interpretado na avenida pelo cantor Sidney Magall.
Beija-Flor
A Beija-Flor de Nilópolis, terceira colocada em 95, deverá fazer o desfile de maior impacto visual da noite, com um enredo sobre o Brasil na pré-história, incluindo os bacanais imaginados pelo carnavalesco Milton Cunha.
Fantasias com gigantescos pênis e vaginas vão integrar um desfile com a pretensão de ser um marco do Carnaval, assim como o dos mendigos, que Joãosinho Trinta realizou pela Beija-Flor em 89.
A escola de Nilópolis voltou a ser comandada pelo bicheiro Aniz Abraão David, o Anísio, que saiu da prisão no ano passado.
Anísio acompanhou os preparativos em um gabinete montado no barracão da Beija-Flor, no cais do porto (região central do Rio).
Nas alegorias da Beija-Flor, que tornou obrigatório o luxo no Sambódromo, os paetês e plumas de sempre darão lugar a esqueletos, lama, lodo e ossos.
"Todos se lembrarão de mim. A Beija-Flor está ensandecida, vai arrancar sangue da avenida", diz Milton Cunha.
Ele preparou grandes esculturas móveis de dinossauros que vão passear entre as alas.
Uma das alegorias reproduz uma rocha que vai "explodir" em dez partes durante o desfile. Dela, sairá um esqueleto rosa-choque com oito metros de altura.

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