São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 1996 |
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Mobiliário de Alvar Aalto é distribuído no Brasil
CELSO FIORAVANTE
São banquetas, poltronas, sofás, mesas, long-chaises, biombos, aparadores e armários extremamente elegantes, confeccionados basicamente em madeira laminada. Aalto, um dos ícones da área neste século, ganhou notoriedade nos anos 20. No biênio 27/28, havia vencido a concorrência para três das obras fundamentais de sua carreira: os escritórios da Turun Sanomat, em Turku; a livraria de Viipuri; e o hospital para tuberculosos de Paimio (todas na Finlândia). As três obras, mas principalmente esta última, são exemplos de sua preocupação com o funcionalismo das formas e com a ausência de referências históricas. Aalto faz parte de um movimento de simplificação das linhas e das formas que já se manifestara na Holanda, através do neoplasticismo de Piet Mondrian, que busca o elementar das linhas e das cores; e na Alemanha, com Walter Gropius, autor do prédio da escola de design Bauhaus, em Dessau, que também privilegiava o rigor. O uso constante da madeira -em móveis e interiores- foi a maneira encontrada por Aalto de balancear a rigidez das construções. Sua experiência na concepção de móveis começou nos anos 30, durante a construção do hospital de Paimio (finalizado em 1933). Para ele, Aalto desenvolveu a poltrona Laca (disponível na Árquias ao preço de R$ 2.986,00), cujo assento -em forma de um ângulo levemente obtuso- tem como funções relaxar o paciente e facilitar sua respiração. "A primeira coisa que descobri foi que as habitações de modo geral eram projetadas para pessoas na posição vertical e não para as que passam os dias estendidas na cama. Um aposento não projetado especificamente para pessoas na posição horizontal não possui equilíbrio interno nem verdadeira paz. Por isso tratei de desenhar espaços para pacientes ativos com a finalidade de envolver o estar na cama numa atmosfera de tranquilidade", escreveu Aalto. Essa experiência com mobiliário fez com que, dois anos depois, em 1935, Aalto criasse com sua mulher, Mairea Gullichsen, a Artek, especializada em móveis em madeira laminada. A empresa e seus produtos são manifestações da preocupação orgânica do arquiteto, seja na utilização de madeiras recicláveis (uma forte característica do design escandinavo), seja na utilização de linhas que reproduzem de maneira estilizada os veios da madeira (veja nas fotos ao lado como o detalhe do pé da banqueta modelo X600 -R$ 793,39, na Árquias- se reproduz no interior da igreja alemã Wolfsburg e na Universidade Técnica de Helsinki). Sobre o teor orgânico de seu trabalho, Aalto disse: "O melhor comitê de padronização é a própria natureza, mas nela a padronização se dá principalmente, ou quase exclusivamente no campo dos menores elementos possíveis, quer dizer, nas células. O resultado são milhões de combinações flexíveis onde não cabe o estereótipo. Outro resultado é a imensa riqueza e a variedade inesgotável das formas de crescimento orgânico. A estandardização arquitetônica deve seguir este caminho" (leia outras frases do arquiteto à direita). Apesar de sua inspiração orgânica, a produção de Aalto dista porém do caráter de design orgânico da produção húngara e de alguns países asiáticos, por exemplo, onde arquétipos da cultura local se reproduzem nas construções. ONDE ENCONTRAR: Árquias - Comércio de Móveis e Objetos Ltda. (r. Conselheiro Zacarias, 418, tel. 011/887-5692, Jardim Paulista) Texto Anterior: Águas de fevereiro nos levam ao Carnaval Próximo Texto: Cidade tem livros sobre Aalto Índice |
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