São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 1996
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Brasileira também concorre ao prêmio

ADRIANO CATOZZI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não é só com "O Quatrilho", indicado para o prêmio de melhor filme estrangeiro, que o Brasil estará concorrendo ao Oscar.
A animadora paulistana Nancy Kato é a responsável pelo trabalho que rendeu à produção australiana "Babe, o Porquinho Atrapalhado" a indicação para o Oscar na categoria de efeitos visuais.
O trabalho foi feito por Nancy, especializada em computação gráfica, para a Rhytm and Hues Productions, de Los Angeles. Por meio dele, a boca dos animais do filme mexe quando eles falam.
Formada em arquitetura pela USP, Nancy, de 31 anos, mora nos Estados Unidos desde 1989, quando foi fazer mestrado em computação gráfica na School of Visual Arts de Nova York.
Depois de concluir o curso, em 1991, ela mudou-se para Los Angeles, onde a produção de Hollywood mantém o mercado de computação gráfica avançada.
"A Rhytm and Hues é uma empresa como poucas no mundo nessa área", diz. Embora fale de um trabalho em equipe, ela admite que a parte das falas dos bichos, exatamente a que gerou a indicação ao Oscar, é de sua responsabilidade, em conjunto com a colega Sylvia Wong, canadense de origem chinesa.
"Estou muito feliz com a indicação, pois foi um ano inteiro de trabalho duro, de 10 a 12 horas por dia, para fazer 50 cenas. Só a indicação já é um reconhecimento. A premiação, então, não consigo imaginar", diz.
Mesmo estando em Los Angeles, ela não irá à festa do dia 25 de março. "Não posso. Quem vai é meu chefe", diz, referindo-se a Charles Gibson, o diretor de efeitos visuais da empresa.
Segundo Nancy, todo o trabalho foi feito com alta tecnologia. "O projeto foi realizado por meio de network. Eu mandava as imagens pelo computador para a Austrália. Não houve contato pessoal com o pessoal da produção."
Babe é a fábula de um porquinho que pensa ser um cão pastor. O filme concorre ainda aos Oscar de melhor filme, diretor (Chris Noonan), ator coadjuvante (James Cromwell), roteiro adaptado, direção de arte e efeitos sonoros.
No cinema, Nancy já havia trabalhado em "Waterworld", de Kevin Costner. Na publicidade, entre outras coisas, fez os comerciais dos ursos polares para a Coca-Cola. Nancy também recebeu prêmios nos EUA pelos trabalhos de mestrado, os vídeos "The Clown" e "Visions of Amazon".
O primeiro, de um minuto, é um ensaio com a movimentação de um palhaço. O segundo, de dois minutos e meio, aborda temas folclóricos da Amazônia.
Para quem estranha a associação da arquitetura com a computação gráfica, ela explica que "as duas áreas têm aspectos artísticos e técnicos, a serviço da visão tridimensional. É difícil quem tenha talento nesses aspectos juntos".

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