São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 1996
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Samper nega ter admitido renúncia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Colômbia, Ernesto Samper, acusado de ter recebido financiamento de narcotraficantes em sua campanha eleitoral, negou ontem que tivesse admitido a possibilidade de renunciar.
Segundo declarações publicadas pelo jornal "The New York Times", Samper, 45, não excluía a renúncia à Presidência.
"O que busco é a possibilidade de sair de forma digna", teria dito Samper sexta-feira em entrevista ao jornal nova-iorquino no Palácio Presidencial (Bogotá), dada dois dias depois de ele ter sido acusado pela Procuradoria Geral.
"Quando? Depende das condições de governabilidade. Eu não faria mal ao país", teria dito o presidente eleito em junho de 94.
Mas comunicado emitido pelo presidente nega as declarações. "Surpreende que um meio de comunicação de tanto prestígio atribua ao presidente da Colômbia frases que jamais pronunciou e fora do contexto da entrevista."
As afirmações atribuídas a Samper entram em contradição com sua posição anterior. Em dezembro, ele havia dito ter intenção de ficar no poder até o final do mandato. Há três semanas, voltou a descartar uma renúncia.
O presidente nega ter sido financiado por narcotraficantes. Mas admite ter mantido relações "sociais" com os irmãos Gilberto e Miguel Rodriguez Orejuela, chefões do cartel de Cali, que lidera o tráfico de cocaína no país.
Funcionários do governo norte-americano dizem ter há anos evidências que ligam Samper ao crime organizado. Em agosto passado, o próprio tesoureiro da campanha presidencial, Santiago Medina, disse que Samper recebeu US$ 5,8 milhões do cartel de Cali.
A crise deflagrada no país levou à renúncia -e posterior prisão- do então ministro da Defesa, Fernando Botero Zea. O presidente declarou estado de emergência para combater o crime.
Apareceram fitas gravadas que comprovariam o envolvimento da campanha de Samper com o narcotráfico. No mês passado, Botero acusou em depoimento o presidente de ter conhecimento e ter aprovado o financiamento ilícito.
Samper passou a dizer que só se defenderia das acusações perante o Congresso, num processo que pode levar meses das primeiras acusações até um possível impeachment.

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