São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 1996
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Soja comanda a recuperação no campo

DA REDAÇÃO

Queda nos estoques mundiais e redução da safra nacional elevam em US$ 2 por saca o ganho do produtor
A queda de 28% nos estoques mundiais de soja, provocada principalmente pela quebra da safra dos EUA, recuperou os preços do grão e animou o agricultor brasileiro.
No mercado interno, as cotações subiram 20% em um ano.
Previsões das cooperativas indicam que os preços no Paraná, que lidera a produção no país, podem variar entre US$ 10 e US$ 11/saca nas principais regiões produtoras durante o pico da colheita, em março e abril, com ganho de US$ 2.
Segundo o professor Fernando Homem de Melo, da USP, a alta das cotações vai mais que compensar a quebra da safra brasileira.
Melo estima que a receita dos produtores com a venda da soja cresça este ano entre 10% e 15% em relação à de 95.
Mas a quebra da safra do Rio Grande do Sul, de até 1,8 milhão de t, deixará boa parte dos agricultores do Estado fora dessa euforia.
Melo não acredita que a recuperação dos preços da soja tenha efeito imediato nas vendas de adubo e máquinas agrícolas.
Porém, as vendas de máquinas no segundo semestre deverão se reaquecer, refletindo o bom desempenho do mercado da soja.
"Está desaparecendo a âncora verde", diz o professor da USP. Ele avalia que as cotações agrícolas este ano subirão pouco acima da inflação, pressionando os preços ao consumidor.
"O consumidor terá que compreender essa nova realidade, pois a alta favorecerá a recuperação da renda dos agricultores", afirma.
As exportações do complexo soja (grãos, farelo e óleo) deverão diminuir em função da quebra na safra brasileira.
No mercado, as estimativas sobre a safra nacional variam entre 22,5 milhões e 24,4 milhões de t, com queda de até 13% sobre a colheita da safra 94/95.
Os embarques de farelo de soja deverão cair dos 11 milhões de t, no ano passado, para 9 milhões de t na safra atual, segundo Polidório Osmar Ferreira, diretor da divisão de produtos industriais da Ceval.
"Preferimos reduzir as exportações a desfalcar o mercado interno", afirma Ferreira.
Segundo ele, o consumo de farelo no país, estimado em 5 milhões de t, será suprido pela indústria esmagadora.
"Aquecido, o mercado interno paga um diferencial de 10% sobre a cotação internacional do farelo, que na semana passada estava próxima dos US$ 245/t", diz.
No Mato Grosso, apesar da redução de 800 mil t na safra da soja em relação à colheita de 95, a receita prevista não deve cair, ficando pouco acima dos US$ 800 milhões registrados na safra passada.
As cotações obtidas nas primeiras colheitas do Estado estão próximas dos US$ 11,50/saca, cerca de US$ 2 acima do preço de igual período de 95, segundo Pedro Bongiolo, da Sementes Maggi.
O que preocupa os produtores do Estado é o alastramento de doenças nas lavouras.
Cerca de 40% da área de soja no MT foi plantada com sementes sensíveis ao cancro da haste.

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Sobre soja na página 6-3

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