São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 1996 |
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Governo faz homenagem a branco que casou com índia nos anos 50
XICO SÁ
Trata-se de Aires Câmara Cunha, 79, reconhecido e homenageado agora pelo governo como sertanista de "relevantes serviços prestados à causa indígena". Cunha vai receber, pelo reconhecimento, uma pensão de R$ 600, conforme o "Diário Oficial" de 10 de janeiro. Segundo a família, ele vive um momento de dificuldades financeiras, em um sítio nas proximidades de Uruguaiana (RS). A homenagem causou estranheza a sertanistas, como Orlando Villas-Boas: "Era um bom rapaz, foi usado nessa história do casamento, mas não entendi o motivo de ser reconhecido como sertanista". Ele diz que Aires Cunha gostava de "passear" nas aldeias e auxiliava os sertanistas em tarefas de cozinha e farmácia. O casamento, em 52, foi organizado e patrocinado por Assis Chateaubriand, o todo-poderoso cidadão da imprensa na época, dono da rede de jornais, rádio e TV dos Diários Associados. O homem branco casou com a índia Diacuí ("flor do campo") da tribo dos kalapalos. Ela se deslocou da aldeia no Mato Grosso até o Rio, onde subiu ao altar diante de 10 mil pessoas. Chateaubriand reuniu na Candelária índios nus e socialites. Foi um espetáculo. Um ano depois, Diacuí morreu ao dar a luz a uma filha, após uma gravidez problemática. Texto Anterior: Índios cocamas contestam área de tikunas Próximo Texto: OMS confirma vírus ébola no Gabão Índice |
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