São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 1996
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Eleição vai provocar reforma ministerial

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso aguarda apenas a decisão dos seus aliados que serão candidatos a prefeito para definir a minirreforma em seu ministério.
FHC já foi avisado que, na reacomodação de forças dentro de seu governo, poderá contar não só com trocas de ministros, mas também de presidentes e diretores de empresas estatais e autarquias.
No ministério, a expectativa atual é de que pelo menos dois ministros saiam candidatos.
Sérgio Motta (Comunicações) deve disputar a Prefeitura de São Paulo e Cícero Lucena (secretário especial de Políticas Regionais, que tem status de ministro), a de João Pessoa (PB).
Nas estatais e autarquias, duas trocas são dadas como certas. O diretor-presidente do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), o peemedebista Tarcísio Delgado, sairá candidato à Prefeitura de Juiz de Fora (MG).
O presidente da Eletrobrás, o pefelista Antônio Imbassahy, ligado ao senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), deve disputar a eleição municipal em Salvador.
A expectativa é que outros dirigentes de estatais e autarquias sigam o mesmo caminho.
Os ministros têm de deixar os seus cargos seis meses antes da eleição, ou seja, 2 de abril, para disputarem a eleição de outubro. Já os dirigentes de estatais podem sair quatro meses antes.
A intenção inicial do presidente era mudar o ministério apenas no segundo semestre, mas acabou mudando de plano devido às eleições municipais.
O troca-troca no governo, que os aliados fazem questão de dizer que não se trata de uma reforma, deve sair, então, em março.
Cobrança
A principal cobrança no momento por um ministério parte do PPB. O partido aderiu formalmente ao governo no ano passado e até agora não tem ministros.
Agora, junto com o PL, o PPB forma o terceiro principal bloco partidário dentro da Câmara dos Deputados -atrás dos blocos comandados por PFL e PMDB.
Por conta da sua maior presença na Câmara, o PPB já aumentou suas ambições mesmo sem ter conseguido nada até agora.
Segundo a Folha apurou, o PPB cobiça dois ministérios. Até a semana retrasada, ficaria satisfeito com apenas um. Agora, mais forte, a legenda pede mais poder dentro do governo.
Os dois ministérios cobiçados pelo PPB são o da Indústria, do Comércio e do Turismo e o da Agricultura -ocupados hoje por Dorothea Werneck e José Eduardo de Andrade Vieira, respectivamente.
Para o posto de Dorothea continua cotado o deputado federal Francisco Dornelles (PPB-RJ).
Para o de Andrade Vieira, os pepebistas sugerem o nome do deputado Hugo Biehl (PPB-PR), um dos líderes ruralistas na Câmara dos Deputados.
Reservadamente, parlamentares do PPB dizem que estariam saindo de dentro do próprio Palácio do Planalto as informações de que Dorothea cederia o seu lugar a Francisco Dornelles.
A tática teria como principal objetivo forçar a ministra a pedir demissão, diante do estilo de Fernando Henrique de evitar demitir seus ministros.
Reformas
O presidente quer evitar ao máximo mudanças no seu ministério agora, durante os debates sobre reformas constitucionais.
Mas é quase um consenso que sobrou apenas uma grande emenda constitucional para ser discutida neste ano, a que trata da reforma administrativa.
É possível que já esteja bem encaminhada até abril, liberando assim o presidente para acomodar os seus aliados.

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