São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 1996
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Fantasias consagram a Mocidade

FERNANDO MOLICA; FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Escola que recebeu a maior consagração do público presente ao Sambódromo na primeira noite de desfile, a Mocidade Independente foi vítima da série de atrasos ocorrida a partir do início das apresentações, na noite de anteontem.
Previsto para começar entre 2h05 e 3h50, o desfile da escola só pôde ser iniciado às 5h43 de ontem, quando já havia amanhecido.
A troca da noite pelo dia revoltou o carnavalesco da Mocidade, Renato Lage, que preparara uma série de efeitos luminosos que acabaram diluídos pela claridade.
Apesar da frustração, a escola saiu do Sambódromo consagrada pelo público, que aplaudia, sambava e gritava "é campeã". Para Lage, a "garra" dos sambistas superou a falta dos efeitos especiais.
"A escola desfilou muito bem, mostrou que é composta por gente bamba. Os efeitos especiais ficam para o ano que vem", afirmou, na praça da Apoteose, logo após a apresentação da Mocidade.
Abraçado por diretores e componentes da escola, Lage afirmou que o desfile sob a luz da manhã gerou a perda de entre 70% e 80% dos efeitos luminosos dos carros alegóricos.
Antes do desfile, Lage olhava para o céu preocupado com a chegada da claridade. "Se clarear o dia eu serei derrubado. Gastei um dinheirão para fazer estes efeitos", dizia.
A exemplo do que fizera em anos anteriores, Lage usou néons, fumaça e jogos de luzes para decorar os carros que ilustravam o enredo "Criador e Criatura".
O enredo pretendia discutir os limites do homem, apresentado como a "sublime criação de Deus" e que, ao longo da história, transforma-se em um criador de vida -um dos carros mostrava os bebês de proveta.
Os componentes da bateria vieram com fantasia inspirada no Robocop (personagem cinematográfico misto de homem e robô).
Além de prejudicar os efeitos especiais, o atraso no início do desfile maltratou os integrantes da comissão de frente da Mocidade -eles vestiam fantasias de 35 kg inspiradas em Frankenstein, monstro criado em laboratório de acordo com o livro de Mary Shelley.
"Foi desumano. Eles ficaram um tempo absurdo com as fantasias", reclamava Lage.
O presidente da escola, Jorge Rodrigues, insinuou que a Mocidade foi prejudicada propositalmente. A insinuação foi rechaçada por Júlio Sobreira, diretor da liga das escolas de samba.

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