São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Capricórnio' descreve destinos tortuosos

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Não é difícil entender que "Sob o Signo de Capricórnio" (Globo, 2h15) tenha fracassado. Filmes lentos, com planos longos, tendem, se bem feitos, a criar uma atmosfera fortemente dramática.
Mas tendem, ao mesmo tempo, a afugentar parte dos espectadores. Mesmo em 1949, quando o cinema era mais audaz do que hoje.
Assim, somos convidados a partilhar o drama da mulher que acompanhou seu amado, Joseph Cotten, ao exílio na Austrália. E que depois o viu tornar-se milionário. Mas por esse amor perdeu a Inglaterra e ganhou apenas um lugar no fim do mundo.
O estranho, no caso, é Alfred Hitchcock falar deste filme com uma amargura quase igual à de seus personagens.
Como se errado fosse ele fazer um drama sem muito suspense. Como se o suspense fosse, para ele, uma espécie de clausura.
Na verdade, o drama de Hitchcock e o da personagem de Ingrid Bergman se parecem. Existe algo de malsão na maneira como o inglês se estabeleceu como o cineasta mais popular da história.
Nem John Ford, em seus grandes dias, foi uma estrela como ele. Longe disso. Em troca, seu destino acabou vinculado a um único tipo de filme.
Quando o drama vinha junto com a aventura, muito bem. Quando tomava a frente, como em "Sob o Signo de Capricórnio", a coisa tendia a emperrar.
No entanto, visto retrospectivamente, este filme conserva um vigor, um gosto pela audácia e uma capacidade de domínio de todos os aspectos do cinema absolutamente invulgares.
Tudo para descrever destinos lindos e insólitos.

Texto Anterior: Loiras de condomínio invadem a avenida!
Próximo Texto: Futuro; Novo casal; Mangueira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.