São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 1996
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Prefeito diz que é 'golpe' pedir seu afastamento

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O prefeito do Rio, César Maia (PFL), disse que o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, "quer dar um golpe" ao propor que ele, Maia, seja afastado do cargo. Segundo o prefeito, Betinho não tem votos para vencê-lo numa eleição.
Betinho defendeu o afastamento de Maia por considerá-lo culpado pela tragédia da semana passada no Rio, quando 68 pessoas morreram em deslizamentos e enchentes, depois de dois dias de chuva.
O sociólogo acha também que o prefeito foi omisso no atendimento dos desabrigados. Maia disse ontem que iria rezar por Betinho. Para o prefeito, Betinho merece a sua oração, por ser "uma pessoa que reagiu a dois traumas".
Maia disse que Betinho ficou traumatizado porque sua candidata à prefeitura, Benedita da Silva (PT), perdeu a eleição de 92 e porque o sociólogo teria se omitido nas enchentes de 88. Segundo Maia, Betinho era "secretário especial, o ouvidor" do prefeito Saturnino Braga (PSB), em 88, e não foi visto então em qualquer lugar atingido pelas enchentes.
"Ele ficou traumatizado, teve uma depressão profunda e não saiu de casa", disse Maia.
Betinho respondeu que o prefeito, "mais uma vez", foi mal assessorado. "Eu nunca fui secretário especial do Saturnino e nunca fui responsável por atender os atingidos pelas enchentes."
Betinho disse estar "traumatizado" com o Rio e com o prefeito César Maia. Ele criticou Maia por estar "querendo dar uma de psicanalista". "É preciso lembrar ao César Maia que ele é prefeito do Rio. Às vezes ele esquece isso."
Maia afirmou que sua administração vem demonstrado que o Rio "tem comando". Nas eleições de 96, segundo ele, sua administração será julgada de forma positiva. Maia deu nota dez ao seu governo.
Hoje a bancada dos vereadores do PT deverá se reunir na Câmara para avaliar a viabilidade de ser encaminhado o processo de impeachment do prefeito César Maia.
O coordenador do movimento Viva Rio, Rubem César Fernandes, disse considerar perigosa a campanha de Betinho, pelo risco de que se transforme "em objeto político de campanha dos possíveis candidatos à prefeitura".

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