São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 1996
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Morte por atropelamento gera protesto

BETINA BERNARDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 250 moradores que vivem próximo ao número 9.800 da avenida Raimundo Pereira de Magalhães (antiga Estrada Velha de Campinas), em Pirituba (zona norte de SP), fecharam a via com barreiras ontem pela manhã em protesto contra o atropelamento do gesseiro Zely da Rocha, 28.
Rocha estava com a mulher, Jesuína Alves Moreira, em um ponto na avenida, por volta das 5h, quando um ônibus da viação Pioneira, linha 9301 (Terminal Casa Verde-Paissandu), dirigido por Manasses Oliveira Bandeira, 39, bateu na parada. Rocha morreu no local. Jesuína foi levada para o hospital do Mandaqui, onde foi operada. Seu estado era grave.
"Quando acabei de fazer a curva, o ônibus não obedeceu", disse o motorista. Somente ele e o cobrador Cláudio José da Silva, 33, estavam no veículo, que ia ser levado da garagem no Jaraguá para o terminal Casa Verde. "Estava escuro, ainda não eram 5h, e só depois da batida eu vi que tinha gente no ponto." O motorista foi preso sob a acusação de homicídio culposo e solto após o pagamento de fiança de R$ 100.
Segundo Bandeira, o veículo havia apresentado problema na suspensão dianteira no dia anterior. "Por causa disso, quase tombei com o ônibus ontem (terça)."
Oswaldo Ribeiro, técnico de operações da viação Pioneira, disse que a empresa vai aguardar o resultado dos laudos da perícia para se pronunciar.
O cobrador Cláudio José da Silva afirmou em depoimento à polícia que o motorista sofria de um "mal súbito" na hora que perdeu a direção. "Seus olhos estavam virando", disse. O motorista nega que tenha se sentido mal.
Quando moradores do local souberam o que havia acontecido, por volta das 6h, montaram cerca de dez barreiras na avenida e colocaram fogo. Eles apedrejaram o ônibus e tentaram incendiá-lo, mas a polícia conseguiu levar o veículo.
"Já é a terceira pessoa atropelada aqui esta semana, sempre há acidentes nesta área", disse a moradora Cláudia de Araújo, 22.
"Queremos que o ponto de ônibus mude de lugar e que coloquem lombadas e semáforos nesta rua para acabar com os acidentes. Já prometeram isso várias vezes e nunca fizeram nada", afirmou Maria Nazaré Vieira, 59, presidente da Sociedade de Amigos do Jardim Nossa Senhora Aparecida.
Segundo Dawton Gaia, especialista de trânsito da CET, é impossível construir lombadas no local. "Não é permitido fazer lombada em trechos onde o aclive e a curva sejam acentuados", afirmou.
O administrador regional de Pirituba, João Peçanha do Nascimento, 46, disse que nunca foi prometida a construção de semáforos e lombadas no local.

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