São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 1996
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Venda é feita em delegacias

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A venda ilegal de armas costuma acontecer até mesmo dentro das delegacias do Rio. Para os contrabandistas, os policiais mal-armados pelo governo estadual representam uma clientela fixa.
Pelo menos uma vez a cada dois meses, emissários dos contrabandistas circulam pelas delegacias oferecendo suas mercadorias: pistolas, revólveres, escopetas, submetralhadoras, fuzis, coletes à prova de balas, munições, carregadores e cinturões de balas.
Antes ostensivos, os vendedores têm agido de modo mais discreto, com medo da repressão desencadeada desde que o delegado Hélio Luz assumiu a chefia de Polícia Civil, em junho do ano passado.
Os vendedores oferecem suas mercadorias em salas discretas nos distritos policiais, segundo disse um delegado que pediu para não ser identificado.
Além de determinar providências contra os contrabandistas, Luz, 49, decidiu interromper a emissão de porte de armas.
Desde agosto, a DFAE (Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos) da Polícia Civil está proibida de emitir novos portes.
"A pessoa pode comprar a arma e guardar em casa, como autoriza a Constituição, mas, como a emissão de novos portes está proibida, ele não pode levar a arma para a rua", disse o delegado Fernando Oséas, diretor da DFAE.
No Grande Rio, funciona uma espécie de mercado informal. Os bandos fortemente armados chegam a alugar metralhadoras, fuzis, pistolas e granadas para criminosos menos abastecidos.
Os empréstimos são comuns nos assaltos a bancos e carros-fortes. Os criminosos desarmados recorrem aos "chefões" do tráfico, que alugam as armas em troca de parte do dinheiro roubado. Os casos em que os assaltantes não dividem o dinheiro nem devolvem as armas são punidos com a morte.

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