São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Secretário quer que porte ilegal seja crime

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, José Afonso da Silva, afirmou ontem que vai encaminhar propostas ao governo federal para que seja feito um projeto de lei que transforme o porte ilegal de armas em crime. Hoje, é apenas uma contravenção penal.
Se uma pessoa for presa portando uma arma ilegal, é liberada após o pagamento da fiança, que gira em torno de R$ 36,41 a R$ 182,05, dependendo da arma.
"Hoje, o porte de arma é uma questão muito grave e, portanto, deve ser considerado crime. Vamos trabalhar junto ao governo e ao Congresso para se obter uma lei que transforme o porte ilegal de arma em crime. A lei de contravenções é de 1941. Naquela época, o problema não era tão grave", afirmou o secretário.
Silva declarou também que vai pedir a participação do presidente Fernando Henrique Cardoso na campanha de desarmamento da população em São Paulo que ele pretende lançar até o dia 15 de março.
"A participação dele é muito importante, porque o problema de certo modo é nacional. E se é nacional, o presidente tem interesse", disse.
Segundo ele, é preciso também que o governo federal se sensibilize a elaborar um projeto de lei que determine providências para controlar o comércio de armas. "Hoje, não temos como controlar esse comércio."
A confecção da campanha de desarmamento da população está a cargo da agência Duda Mendonça, que se ofereceu para fazê-la gratuitamente, segundo o secretário.
O Instituto Gallup vai fazer uma pesquisa junto à população das zonas leste e sul, consideradas as áreas mais problemáticas, para saber o que seduziria e faria uma pessoa entregar sua arma.
Uma das idéias é trocar por cestas básicas, mas podem surgir outros elementos. O secretário afirmou que já conseguiu uma doação de mil cestas de uma empresa.
"Não espero que o marginal entregue sua arma, porque ele a usa para roubar e matar. Este, nós temos que buscá-lo, prendê-lo e puni-lo para obter os resultados. Nós queremos que a população que tenha armas, que não seja marginal e que cometa homicídios apenas por estar armado nos entregue as armas e nunca mais compre", afirmou Silva.
Além da campanha, a Secretaria da Segurança Pública vai fazer uma redistribuição do policiamento na cidade. Haverá um reforço nas zonas leste e sul. As revistas também serão intensificadas.
Para isso, Silva pede a colaboração da população, que não é obrigada a deixar um policial revistar. Sobre isso, Silva afirmou que a PM sabe que o cidadão tem direitos a serem respeitados.

Texto Anterior: Polícia dos EUA paga por devolução
Próximo Texto: Francisco Morato recolheu 250 armas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.