São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 1996
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Mauro Silva vira espanhol mas quer seguir na seleção

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mauro Silva, 28, deve ser o primeiro jogador brasileiro a tirar proveito da livre circulação de atletas dentro da União Européia.
O volante do La Coruña (Espanha) e da seleção campeã do mundo vai se naturalizar espanhol. Está juntando a papelada necessária para ele, a mulher Terumi, 28, e o filho Mauro, 1 ano e meio.
"É como se você tivesse 16 nacionalidades", explica -a brasileira e as dos 15 países da União Européia. Como espanhol, ele poderá atuar livremente em qualquer um desses 15 países, além dos demais filiados à Uefa, sem ser considerado estrangeiro.
O jogador não perderá a nacionalidade brasileira graças a uma emenda constitucional recente (leia texto abaixo), que abre uma possibilidade inesperada para os brasileiros: serem europeus e jogarem pelo Brasil. Como Mauro Silva, que quer atuar na Olimpíada.
*
Folha - Como surgiu a idéia da naturalização?
Mauro Silva - Foi pouco a pouco. Desde a sentença do caso Bosman, todo mundo está analisando essa possibilidade. Profissional e pessoalmente é muito interessante.
Folha - Está certo de poder jogar na seleção brasileira?
Mauro Silva - Está tudo verificado. Para a seleção, não tem problema nenhum. Só não posso jogar na espanhola. Fico orgulhoso de continuar na seleção brasileira.
Folha - O que já foi feito?
Mauro Silva - Estamos levantando os documentos no Brasil: antecedentes criminais, certidão de nascimento atualizada, para iniciar os trâmites. É preciso ter dois anos de residência, e eu já tenho quatro. Dizem que devo estar naturalizado mais ou menos dentro de um ano. Inclusive, por eu ser conhecido, tudo iria mais rápido.
Folha - A naturalização traz vantagens para sua família?
Mauro Silva - Sem dúvida, porque não são só as nacionalidades brasileira e espanhola: é como se você tivesse 16 nacionalidades. Meu filho pode estudar na França, na Inglaterra, onde quiser. Se eu quiser montar um negócio, viver entre os dois países, não seria uma idéia ruim. Estou com 28 anos e tenho mais quatro ou cinco de futebol. Pensando em tudo isso, a gente decidiu.
Folha - Você gostaria de disputar a Olimpíada?
Mauro Silva - Claro. Depois de ter ganho uma Copa, seria um orgulho conquistar um título inédito para o Brasil. Mas depende do Zagallo. O que decidir estará certo.

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