São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 1996
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Cinema asiático ganha destaque em Berlim

LEON CAKOFF
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM BERLIM

Dezessete filmes selecionados pelo 26º Fórum Internacional do Cinema Jovem são de origem asiática. O equivalente a um terço da programação que corre paralela ao 46º Festival de Berlim.
Criado para dar mais espaço ao cinema independente e na cola da Quinzena dos Realizadores de Cannes, o Fórum terá filmes de Hong Kong, Japão, China, Cingapura e Indonésia.
E são de Hong Kong as principais atrações. O esperado filme "O Portal dos Tigres" tem Shu Kei como diretor e atuação de Josephine Siao Fong-fong. Shu Kei é o produtor consagrado de "Adeus Minha Concubina" e Fong-fong é uma atriz incansável das séries de filmes de artes marciais que inovou o gênero com humor. "Hu-du-men", no título original significa em cantonês a linha imaginária que separa os bastidores do palco de uma ópera. Na comédia de Shu Kei esta linha fica entre a vida conservadora de uma filha e o bar de lésbicas frequentado pela sua filha adolescente.
A segunda atração de Hong Kong é "Anjos Decaídos" ("Duoluo Tianshi"), de Wong Kar-Wai, o mesmo de "Amores Expressos" ("Chungking Express"), o furor do cinema asiático no ano passado. "Anjos Decaídos" é um cínico diário de um assassino profissional em crise existencial.
"A Filha do Silêncio", do estreante Genjiro Arato, já vem recomendado como uma das sensações japonesas da temporada e é baseado na novela autobiográfica de Shungiku Uchida sobre os "manga", artistas de quadrinhos.
O filme segue os sonhos de uma adolescente que quer ser "manga". Já "Koukado Kidoutai" ("A Célula do Fantasma"), de Mamoru Oshii é puro "manga". O desenho animado viaja por um futuro onde os agentes secretos robotizados questionam valores humanos.
E "Picnic", também do Japão, de Shunji Iwai, coincide com o tema do recente sucesso australiano "Angel Baby", de Michael Rymer, que venceu o prêmio do público no Festival de Roterdã. Uma jovem foge de um hospital psiquiátrico e espera o fim dos tempos com dois amantes.
A co-produção de Wan Jen entre Taiwan e China com "Super Citizen Ko" vai ao tema tabu da raivosa repressão política nos anos 50 em Taiwan. O filme questiona os métodos que ceifaram o idealismo de uma geração e mergulharam a ilha na corrupção.
Mas o mais aguardado no Fórum de Berlim com temática chinesa é o longo documentário americano "The Gate of Heavenly Peace" ("O Portal da Paz Celestial"), de Richard Gordon e Carma Hinton. São três horas de revisão do protesto dos estudantes que sitiaram a praça da Paz Celestial em Pequim, em 1989, até serem esmagados pela repressão.
A seleção americana do Fórum segue com três dos principais filmes do recente Festival de Sundance: "The Battle Over Citizen Kane", de Thomas Lennon e Michael Epstein, agora candidato ao Oscar de melhor documentário; "Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills", de Joe Berlinger e Bruce Sinofsky; e o vencedor do festival "Welcome to the Dollhouse", de Todd Solondz.

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