São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prédio integra máquinas à arquitetura

DA REPORTAGEM LOCAL

A vista mais frequente de quem está no Centro Tecnológico Gráfico-Folha é a mata de eucaliptos ao lado do terreno. Ao contrário de outras gráficas, o prédio não é isolado do ambiente externo. Iluminado por luz natural, é possível ver se chove lá fora ou se faz sol. Há janelas em todas os ambientes do prédio, da sala de bobinas de papel ao vestuário. Construído em concreto e blocos aparentes, com duas fachadas de vidro, o prédio lembra mais uma indústria de alta tecnologia. São 24.294m² de área construída, o equivalente a três campos de futebol, em terreno de 175 mil m². Fica em Tamboré, a 35 km do centro de São Paulo.
A intenção é aliar a qualidade de vida dos trabalhadores à qualidade industrial, segundo o arquiteto Paulus Magnus, autor do projeto. Ele visitou cinco gráficas nos EUA e na França: as do "The New York Times" (Nova York), do "Le Figaro" (Paris), do "Baltimore Sun" (Baltimore), "Sun Sentinel" (Fort Lauderdale) e do "Minneapolis Star and Thibune" (Minneapolis). Percebeu que a arquitetura tem de trabalhar em função das máquinas e do tempo -cada minuto é vital.
O centro nervoso do prédio, inaugurado em dezembro, é a sala de impressão, com 66 metros de largura, 42 de comprimento e 17 de altura. É lá que ficam as impressoras. Ao lado delas, duas passarelas permitem que o trabalho seja admirado, sem que o visitante interfira na produção. Das impressoras às docas, onde caminhões carregam os exemplares, o jornal percorre uma linha reta. Pode-se atravessar o prédio sem cruzar os fluxos de produção.
A galeria técnica, com cabines de energia elétrica, central de ar comprimido e caixa d'água, foi organizada num único espaço. O ganho é duplo. Concentradas, essas instalações passam a ser mais funcionais e evitam que o prédio fique poluído por cabines.
"O maior trunfo do prédio é a integração do maquinário ao projeto arquitetônico. A maioria dos projetos que vi fora do Brasil parece o Frankenstein porque vai agregando máquinas que não estavam previstas", diz.
O temor de criar um monstrengo fez com que Magnus adotasse a estratégia oposta -a da transparência. Quem está numa extremidade do prédio pode ver o que acontece do lado oposto, a 168 metros de distância. O prédio é modular. Pode ser ampliado sem perder suas características originais.

Texto Anterior: Como funciona o novo centro gráfico
Próximo Texto: Projeto obedece a normas ecológicas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.