São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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Cinema pintado nasceu em 1895

DA REPORTAGEM LOCAL

O cinema nasceu sem som e em preto e branco. Mas a história da cor no cinema começou antes mesmo da sua invenção. Em 1895, alguns meses antes da invenção do cinema por Louis Lumière (1864-1948), na França, Thomas Edison criou o kinetoscópio -que não projetava o filme. O espectador via o filme no aparelho, não em uma tela.
O desejo da cor fazia com que cada fotograma fosse pintado à mão. Uma técnica rudimentar e trabalhosa.
O mesmo desejo fez com que um dos pioneiros do cinema, o francês Georges Méliès (1861-1938) fizesse o mesmo com seus filmes.
A colorização da película foi inventada logo, mas demorou para ser implantada comercialmente.
O processo norte-americano Technicolor, que usava três negativos, foi criado em 1915. O primeiro longa só surgiu em 1935 -era "Vaidade e Beleza", uma adaptação dirigida por Rouben Mamoulian (1898-1987) de "Vanity Fair", de Thackeray (1811-1863).
Mas foi com o sucesso de "...E o Vento Levou", em 1939, que os produtores de Hollywood se convenceram de que a cor era fundamental para atrair público.
O filme de 220 minutos foi um recorde de bilheteria, só quebrado por "E.T. -O Extraterrestre", de 1982.
Também foi na década de 30 que a fotografia desenvolveu os negativos coloridos.
A importância da cor no cinema fez com que vários países tentassem desenvolver processos próprios. A Alemanha lançou o Agfacolor, a Itália criou o Ferraniacolor, a Bélgica elaborou o Gevacolor e a então URSS lançou o Sovcolor.
Foi com esse sistema que o russo Sergei Eisenstein (1898-1948) coloriu parte de "Ivan, o Terrível", seu último filme, terminado em 1945.
Pouco depois, o sistema Eastmancolor passou a usar apenas um negativo, facilitando a produção.
Na década de 60, mais da metade da produção mundial de filmes já era colorida.
No Brasil, o primeiro longa-metragem colorido foi feito em 1953. "Destino em Apuros", pelo italiano Ernesto Remani (1906- ?), levou 46 dias para ficar pronto.
Hoje, poucos filmes são em preto e branco. E a paixão pela cor fez com que diversos clássicos em preto e branco começassem a ser colorizados por computador a partir de 1983.
O primeiro desenho animado colorido em longa-metragem surgiu em 1937. Foi outro divisor de águas. "A Branca de Neve e os Sete Anões" demandou dois anos de trabalho e custou US$ 1,7 milhão, mas, em compensação, deu o Oscar aos estúdios Disney.
A cor também ajudou a difusão da TV por aqui. O Brasil assistiu a Copa do México na tela em preto e branco. Existiam 4.250.400 aparelhos no país. A cor chegou em 1972 e, dois anos mais tarde, o número de aparelhos pulou para 10.581.021.
Hoje, 32,6 milhões de famílias têm televisores. E, de cada 13 televisores vendidos, apenas um não é a cores.

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