São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Resolvem virar 'enfermeiras'

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele não pode nem dar um espirro sossegado. A mulher vem com vitamina C, descongestionante e um chinelo para proteger os pés descalços do chão frio. O jeito é se proteger dela.
"Aprendi a dar os espirros mais discretos do mundo, para não ser ouvido", diz o cantor de pagode Marcelo Frigério, 25.
Ele tem rinite alérgica e conta que isso atrai o que chama de mulher-enfermeira.
"Dessas que gostam de preparar inalação e lembrar que a gente não pode respirar poeira, poluição, nem dormir em travesseiro de pena", diz. "Eu me sinto o menino da bolha de plástico."
O advogado Júlio Prado, 60, três pontes de safena, diz que daqui a pouco vai precisar de uma quarta.
"Só de me aborrecer com a repressão", diz. "Eu sei, por exemplo, que não deveria fumar. Mas de vez em quando quero me dar esse luxo e ponto. Nessas horas, quando ela vê que eu não vou mesmo apagar o cigarro, começa a comentar com alguém que esteja por perto tudo o que o médico recomendou e eu não obedeço. Perco totalmente o prazer", diz.
Para o administrador de empresas Cláudio Lemos, 23, o pior é quando a mulher faz a cena toda por egoísmo.
"É aquele tipo que quer ir ao cinema e diz para a gente que uma partida de futebol, naquele horário, não vai fazer bem para quem acabou de sair de uma gripe".
Lemos acredita que por trás da preocupação sempre existe a tentativa de controle."Tem mulher que aproveita até de uma simples dor de cabeça para mandar na gente."

Texto Anterior: 'Quero sair nua na avenida'
Próximo Texto: Sudeste debate ação conjunta anticrime
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.