São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sudeste debate ação conjunta anticrime

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os secretários estaduais de Segurança da região Sudeste do país participam amanhã de uma reunião em Vitória (ES) para discutir o aumento da criminalidade.
Durante o Carnaval, só no Estado de São Paulo, foram registrados 219 assassinatos entre as 7h de sexta-feira e as 7h da Quarta-Feira de Cinzas. Quase a metade (106) foi praticada na capital.
No Rio de Janeiro, a polícia registrou 95 homicídios no Estado, sendo 31 na capital. Em Minas Gerais, 25 pessoas foram mortas durante o Carnaval.
A violência, recorde nos carnavais de São Paulo, fez com que o secretário da Segurança do Estado, José Afonso da Silva, resolvesse realizar uma campanha para tentar desarmar a população. A secretaria promete iniciá-la até 15 de março.
Silva diz que pretende aproveitar a reunião do Conselho de Segurança Pública da Região Sudeste, que acaba terça-feira, para propor aos secretários dos outros Estados que façam o mesmo.
O secretário também quer aproveitar o encontro, que deve ter a presença do ministro da Justiça, Nelson Jobim, para cobrar do governo federal providências para que haja um controle mais efetivo do comércio de armas.
Só no Estado de São Paulo, foram apreendidas 21 mil armas ilegais ou irregulares no ano passado. A polícia estima ainda que existem 300 mil armas de fogo não-regularizadas no Estado -as regularizadas somam 1,5 milhão.
Se a relação fosse de apenas uma arma para cada pessoa, a cifra indicaria que de cada 20 moradores do Estado, um estaria armado.
Silva diz esperar que o presidente Fernando Henrique Cardoso se engaje na campanha de desarmamento e que elabore um projeto de lei para tornar o porte ilegal um crime. Hoje, por ser uma contravenção, a pessoa detida sem autorização para portar arma é liberada se pagar fiança de até R$ 182,05.
Sem citar números, o secretário afirmou que em São Paulo os índices estão aumentando desde 84. Não há dados disponíveis na secretaria antes desse período. Para ele, uma das explicações para esse crescimento estaria nos índices de desemprego. "Se tiver um emprego, a pessoa não tem tempo de pensar em praticar um crime."

Texto Anterior: Resolvem virar 'enfermeiras'
Próximo Texto: Estado e sociedade civil são criticados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.