São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996 |
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Plano foi 'sonho', afirma Sayad
SILVANA QUAGLIO
Ele conta que a montagem do plano começou em julho de 1985. Francisco Dornelles era ministro da Fazenda, mas não concordava com fórmulas heterodoxas de controle de inflação. Para Sayad, o grande mérito do Cruzado foi romper barreiras e mostrar que é preciso fugir de fórmulas prontas. * Folha- O presidente Sarney afirma que o sr. foi o único ministro da área econômica contrário ao Cruzado 2. Por que? João Sayad- Tínhamos o problema de controlar a demanda. Em julho, o mecanismo encontrado foi elevar o imposto de alguns produtos, como gasolina. Em novembro, o Planejamento foi contra. Nós questionávamos os efeitos da medida. Sugerimos aumento no Imposto de Renda, que era igualmente doloroso. Mas a Fazenda atropelou e fez o Cruzado 2. Folha- O Cruzado era um bom plano? Sayad- Olhando hoje, dez anos depois, acho que o plano não poderia dar certo. Não podíamos congelar salários nem câmbio. Havia a crise da dívida externa e os trabalhadores estavam com salários arrochados. O país era outro. O presidente Sarney nunca titubeou para fazer o que tinha de fazer. O Cruzado foi um sonho que não era possível. Folha- Depois a inflação e o déficit público estouraram. Sayad- Naquela época o que determinou a explosão do déficit foram os juros altos que o ministro Mailson (da Nóbrega) foi obrigado a adotar e o crescimento da folha de pagamento. Folha- Não são ingredientes semelhantes aos atuais? Sayad- A situação agora é bem melhor. A inflação está resolvida e o cenário internacional é infinitamente mais favorável. A questão é administrar o Real. A fragmentação social é um problema seríssimo. Texto Anterior: Cerco internacional minou Plano Cruzado, diz Sarney Próximo Texto: O QUE MUDOU COM O CRUZADO Índice |
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