São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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'Bicho' causa impasse e desgasta jogadores

TELÊ SANTANA

Nesses últimos dias, as negociações entre jogadores e dirigentes dos clubes para definir a premiação pelos resultados positivos nos jogos ganhou muito destaque na imprensa e por isso resolvi dar minha opinião sobre o assunto.
O chamado "bicho" é dado há muito tempo aos atletas de futebol. Consta que a iniciativa tenha nascido na época do amadorismo, para incentivar jogadores menos aplicados nos jogos ou para premiar os que se destacavam muito.
E assim deveria ser vista essa premiação extra. Como um incentivo ou como um prêmio. Só que, tão enraizado está, hoje já é tido como uma obrigação do clube.
Quando eu jogava no Fluminense, essa premiação era prevista em contrato. Era Cr$ 100,00 por vitória e Cr$ 50,00 por empate conseguido no campeonato. Não havia dúvidas.
Hoje, o que acontece é diferente. Os jogadores pedem uma premiação alta, os dirigentes oferecem menos e está criado o impasse, que muitas vezes acaba desgastando os jogadores.
Nas duas Copas do Mundo em que dirigi a seleção brasileira, em 82 na Espanha e em 86 no México, não se chegou a um acordo acerca do prêmio pela conquista.
Não que eu ache que isso tenha influenciado nas derrotas que sofremos, não é isso, mas nunca havia uma resolução.
Quando fui treinar na Arábia Saudita, eu também recebia prêmios. Por ponto ganho. Recebia US$ 1.000,00 por ponto que conquistava nos jogos do campeonato.
Voltei para o Brasil e as divergências aqui persistiam. Parece um problema eterno, que às vezes causa mal-estar.
Acredito que clube e jogadores deveriam discutir a gratificação jogo a jogo, ou então no final do campeonato, porque muitas vezes o clube gasta muito e não ganha nada. Quando jogava, recebia as premiações e, se o clube fosse campeão, ganhava ainda mais, o que levou um dirigente, certa vez, a dizer que o ideal era o clube ser vice-campeão, porque lucrava por não ter que dar o prêmio extra.
Para não sofrer desse mal, o São Paulo paga aos jogadores prêmios diferenciados. O "bicho" por vitória varia de acordo com a colocação do clube na tabela de classificação. Na liderança vale um tanto, na vice-liderança, menos.
Mas acho válida a proposta de pagar pela produtividade. Define-se o valor da gratificação e a divide por dois. Se o clube chegar ao quadrangular final, os atletas recebem o prêmio total, senão, recebem a metade. Quanto ao valor, deve valer a negociação.

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