São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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Orçamento; Trabalho infantil; Igualdade de condições; Título surpreendente; Fora de contexto; Raciocínio equivocado; Contra touradas; Anarquias musicais; Aniversário

Orçamento
"Com relação à reportagem da Folha intitulada 'Governo esconde corte para evitar desgaste', publicada em 23/2, permita-me esclarecer o seguinte: 1) É falso que o governo está escondendo cortes para evitar desgaste político; 2) É falso que o déficit do orçamento de 1996 tenha sido estimado em R$ 20 bilhões, falso que isso tenha sido comunicado ao presidente da República e falso que ele tenha ficado alarmado com essa informação que, aliás, nem houve; 3) É duplamente falso que o 'Palácio do Planalto' tenha acertado com governadores e parlamentares a programação trimestral de liberação de recursos: primeiro isso não aconteceu; segundo, esse procedimento, mesmo se fosse desejado, seria inexequível. Ou seja, não apenas inventou-se uma notícia como inventou-se o inexequível. Tais esclarecimentos devem ser acrescentados às declarações do ministro José Serra à Folha , corretamente transmitidas na mesma edição do jornal."
Inácio Muzzi, coordenador de Comunicação Social do Ministério do Planejamento e Orçamento (Brasília, DF)

Resposta da jornalista Sônia Mossri - É compreensível que o Ministério do Planejamento se empenhe em negar que haja déficit no Orçamento de 96. No ano passado, o Planejamento também negou o déficit e não anunciou os cortes realizados. A reportagem da Folha se baseou em informações dadas por integrantes da Comissão de Orçamento e do ministério do presidente Fernando Henrique Cardoso, incluindo o do Planejamento.

Trabalho infantil
"A Folha noticia em 22/2 um pacote de medidas, a ser anunciado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, de estímulo ao plantio e comercialização de cana-de-açúcar e à produção industrial de álcool. Achamos inconcebível incentivar atividades que, sabidamente e de forma absolutamente ilegal, utilizam em larga escala a mão-de-obra de crianças e adolescentes sem que, ao mesmo tempo, sejam tomadas medidas para eliminar o trabalho infantil nesses setores. As crianças que trabalham precocemente estão fora da escola, mutilando-se física e psicologicamente, condenadas a sobreviver na miséria e na marginalidade. Está em nossas mãos -sociedade civil e governo- a possibilidade de mudar essa situação. Ou eliminamos a chaga do trabalho infantil e colocamos nossas crianças na escola ou o sonho de sermos um país democrático, justo, desenvolvido e competitivo nunca se tornará realidade."
Agop Kayayan, representante do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para o Brasil, e Oded Grajew, diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança (Brasília, DF)

Igualdade de condições
"É inacreditável o valor que se gasta mensalmente com o alimento de cada presidiário -R$ 660,00-, conforme artigo de Aloysio Biondi (20/2). Será que o pessoal dos direitos humanos não se oporia a que o governo estadual pagasse aos presos o equivalente a um salário mínimo e deixasse que eles 'se virassem' para comprar a cesta básica -só isso-, assim como fazem milhões de trabalhadores, muitos deles até mesmo vítimas de algum ato criminoso desses 'marajás' da sua classe?"
Luiz Gonzaga Corrêa Vieira (Pouso Alegre, MG)

Título surpreendente
"Quem assistiu ao debate promovido pela Folha sobre o decreto federal 1.775/96, que altera o procedimento demarcatório das áreas indígenas, certamente foi surpreendido com o título da reportagem publicada no jornal de 10/2: 'Decreto preserva áreas indígenas, diz Jobim'. Ora, o título da reportagem sobre o debate induz o leitor a crer na argumentação do governo, que em muitos pontos padece de sustentação. Convenhamos: foi elogiável a presença do ministro Jobim no debate, mas é imperdoável que sua posição tenha sido privilegiada pela Folha."
Gilberto Marcos Antonio Rodrigues, membro da Comissão do Meio Ambiente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santos (Santos, SP)

Fora de contexto
"A Folha de 8/2 nos brindou com mais uma jóia, o editorial 'Corporativismo', uma excelente demonstração de como basta usar uma palavra maldita, mesmo que absolutamente fora de contexto, para vencer, a priori, uma discussão. Corporativismo é a defesa de privilégios específicos de um grupo em detrimento dos interesses do resto da sociedade. Como os direitos trabalhistas julgados perniciosos pelo brilhante editorialista pertencem a todos os trabalhadores regularizados, o emprego dessa palavra só pode ser atribuído a uma ignorância incompatível com um profissional da Folha ou, o mais provável, a uma vontade irrefreável de estar do lado dos vencedores. Suponho que o autor do artigo seja assalariado. O que ele sentiria ao perder seu 13º, seu fim-de-semana remunerado, suas férias anuais, ver sua esposa dar à luz o seu filho e vê-la ter de trabalhar no dia seguinte etc?"
Luiz Candido Borges (Rio de Janeiro, RJ)

Raciocínio equivocado
"Até que enfim a Folha admite que a solução proposta pela Igreja Católica é mais eficaz que o uso da camisinha. Só que o editorial 'Igreja e Aids' erra ao sugerir que a igreja mude suas posições só porque os católicos não são uma 'legião de anjos e arcanjos'. Pelo mesmo raciocínio, poderíamos revogar todo o Código Penal, já que a sociedade está cheia de assaltantes, corruptos, traficantes e outros criminosos..."
Marcio Antonio de Castro Campos (São José dos Campos, SP)

Contra touradas
"Acompanhamos recentemente por meio dos meios de comunicação o protesto realizado por entidades defensoras dos direitos animais, que contam com nosso irrestrito apoio, contra a possibilidade de realização de touradas no país. Deixamos aqui registrada nossa indignação e total repúdio contra essa prática, manifestação supostamente 'cultural' que conta com o apoio do Consulado da Espanha de São Paulo. Trata-se de mais um triste capítulo na história de desrespeito aos direitos animais que tenta se reproduzir em nosso país. Não às touradas!"
Maria Cristina N. Kormikiari (São Paulo, SP)

Anarquias musicais
"As pessoas que tiveram uma educação sadia realmente não podem concordar com tantas anarquias musicais, onde o princípio educativo é profundamente afetado por algumas músicas que surgem vez por outra. Censura sim, a esse tipo de aberração cultural; em breve institucionalizarão os palavrões descaradamente em tudo e seremos obrigados a ouvi-los?"
Juvam C. de Souza (São Paulo, SP)

Aniversário
A Folha agradece os cumprimentos pela passagem do seu 75º aniversário que recebeu de: Werner Eugênio Zulauf, secretário do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo (São Paulo, SP); Pedro Cury, presidente, e Edson Elito, secretário-geral do Instituto de Arquitetos do Brasil -Departamento de São Paulo (São Paulo, SP); Joaquim Henrique dos Santos, presidente da Câmara Municipal de Santo André (Santo André, SP); Carlos Alberto Di Franco, chefe do Departamento de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero (São Paulo, SP).

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