São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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a vitória da heresia

DANIELA FALCÃO
DOS PERSONAGENS QUE INTERPRETOU, QUAL O SEU FAVORITO?

Nixon, sem dúvida nenhuma. Por muito tempo foi Hannibal Lecter, de "O Silêncio dos Inocentes".
Por que Nixon?
Porque foi um grande desafio interpretar um personagem tão americano. E acho que fiz um excelente trabalho.
O sr. acha que leva o Oscar de novo?
Sinto que já estou com a mão na estatueta (risos). Estou brincando. Se ganhar, ótimo, mas já recebi um Oscar e não me incomodaria que ele fosse dado a outra pessoa. Não quero que fique monótono.
O que o sr. gostou mais na personalidade de Nixon?
Por quê?
Porque era uma relação forte e complexa. E lembrava muito meu pai. Ambos eram trabalhadores, profundos e haviam sofrido muito ao longo da vida.
O sr. chegou a ter medo de sofrer críticas por causa de seu sotaque inglês?
No início, sim. Nem queria aceitar o papel, mas Oliver Stone é muito persuasivo. Ele tinha uma resposta na ponta da língua para cada argumento que eu apresentava contra minha escalação.
É verdade que Paul Sorvino (que interpreta Henry Kissinger) fez críticas ao seu sotaque? Ele não me criticou abertamente, como algumas revistas publicaram. Durante os primeiros ensaios, eu perguntei a ele o que estava achando da minha interpretação. E ele afirmou que eu precisava trabalhar mais o sotaque. Não foi uma crítica gratuita. Foi uma opinião profissional e eu o agradeci muito por isso.
Em que momento das filmagens o sr. adquiriu a confiança necessária para ir em frente? No meio dos ensaios, já me sentia na pele de Nixon. Me preocupei muito mais em descobrir como ele pensava, como sentia as coisas do que com o sotaque e a aparência física. E Oliver sempre me deu força. Sorvino colocou nariz artificial para ficar mais parecido com Kissinger.
O sr. também?
Não. Tentei alguns truques de maquiagem, mas tudo ficava muito artificial. Meu nariz ficou parecendo de palhaço, horrível.
Como foi ser dirigido por Stone?
Foi a melhor coisa que me aconteceu recentemente. Ele faz grandes filmes, é um grande diretor. Oliver é como um caubói selvagem, sempre exigindo o máximo dos atores.
Vocês são diferentes como água e vinho...
Só porque eu sou um inglês chique e ele um americano do meio-oeste? Na verdade, somos muito mais parecidos do que aparentamos. Gostamos de festas, de piadas. A diferença é que eu sou mais velho, e ele, mais selvagem.

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