São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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Ana Cecília acentua sotaque para atuar em "Tocaia"

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Acostumada às brincadeiras dos cariocas sobre seu jeito baiano de falar, a atriz Ana Cecília teve de deixar o sotaque de Salvador ainda mais arretado para viver a selvagem Marisca, uma das revelações da fase Avancini de "Tocaia Grande", na Manchete.
Seu personagem é uma garota, virgem no início, criada no meio do mato e entregue como presente ao intendente Felipe Sampaio (Victor Wagner).
No bordel, ela conquista as outras prostitutas com sua ingenuidade e decide mudar de vida para fazer a primeira comunhão.
Com Marisca, Ana aprendeu expressões que nunca ouvira, nem mesmo nos tempos de criança nas fazendas da Bahia. "Vôte, diabo" -o equivalente sertanejo para "Deus me livre"- é a que a atriz acha mais esquisita.
"Gosto da Marisca pelo que ela tem de ingênua, selvagem. Admiro tipos populares, mas nunca vi ninguém como ela. Fiquei muito comovida com a decisão da primeira comunhão", diz Ana Cecília.
Na trama, a personagem está "de balaio fechado", ou seja, resolveu não mais se prostituir para poder fazer a comunhão. Marisca foge até mesmo de Felipe, por quem se apaixonou na primeira noite.
O coronel -que Marisca chama de "São Sebastião flechado", por causa da venda para encobrir a cegueira- consegue o apoio da religiosa Ressu (Giovana Antonelli) para ajudar a garota a aprender o catecismo.
Juntos, os três enfrentam a hipocrisia das beatas da cidade e a hipocrisia dos coronéis, e vivem um triângulo amoroso que mistura carinho e sedução.
"Acho que Marisca não ficará com o coronel, embora esteja apaixonada por ele. O coronel só tem carinho por ela. Eu gostaria que Marisca voltasse para o mato", diz Ana Cecília.
Aos 25 anos, há seis no Rio, ela vive seu primeiro papel de destaque depois de pequenas participações em minisséries da Manchete.
Com Marisca, Ana fez suas primeiras cenas de nudez e sexo e afirma que não ficou envergonhada. Só não quer ser associada ao estereótipo da mulher nordestina brejeira.
"O bom de ser atriz é ser camaleoa", afirma. Ela começou fazendo curso de teatro em Salvador e mudou-se para o Rio para construir a carreira.
Hoje, gravando até 12 horas por dia, Ana Cecília está sem planos para depois da novela. Diz que adoraria fazer cinema e cita sagas épicas como suas histórias preferidas.
Por enquanto, exercita a porção camaleoa dividindo-se entre a Marisca e seu próximo papel no teatro: uma empresária rica e poderosa na peça "O Resto Eu Não Sei", com estréia prevista para março, no Rio de Janeiro.

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