São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Atentados do Hamas matam 26 em Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Dois atentados a bomba do grupo islâmico Hamas deixaram 26 mortos e 76 feridos em Israel, ontem. Foi o mais grave atentado palestino desde 1978. O Hamas (Movimento de Resistência Islâmico, grupo que se opõe à paz entre Israel e os palestinos) disse que os ataques foram uma vingança contra a morte de Iahia Aiach.
Aiach, o principal especialista em explosivos do Hamas, morreu no mês passado quando seu telefone celular explodiu e arrancou sua cabeça, em atentado atribuído ao serviço de segurança israelense.
Um dos atentados suicidas aconteceu em um terminal de ônibus de Jerusalém e deixou um ônibus completamente destruído. O outro ataque ocorreu em um ponto de ônibus em Ashquelon (sul de Israel).
As duas explosões se deram pela manhã, quando havia muita gente na rua (domingo é um dia de trabalho normal em Israel).
O atentado mais grave foi o de Jerusalém. Um explosivo de 10 kg matou 23 pessoas e feriu 48 -13 das quais gravemente. A outra bomba explodiu 50 minutos depois.
A polícia conseguiu identificar o autor do atentado de Ashquelon, um dos dois mortos. Era Ahmad Shahin, 23, estudante da Universidade Islâmica de Gaza. Ele vestia uma farda israelense. O autor do outro atentado não foi identificado pela polícia.
A facção Estudantes do Engenheiro reivindicou ambos os atentados. "Engenheiro" era o apelido de Aiach.
Os atentados constituem um duro golpe para o primeiro-ministro Shimon Peres. Desde a morte de seu antecessor, Yitzhak Rabin, Peres é o principal defensor israelense da paz com os palestinos (leia texto ao lado).
A primeira reação de Peres foi suspender o diálogo com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, e fechar as fronteiras com a faixa de Gaza e a Cisjordânia, as duas regiões sob controle palestino.
Todos os postos de fronteira haviam sido fechados logo depois do atentado contra Aiach, temendo represálias dos palestinos, e reabertos na sexta-feira. Peres disse que as negociações serão retomadas após o enterro das vítimas.
Há dois cidadãos norte-americanos entre os mortos: um estudante de teologia e sua namorada, também estudante.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse que o terrorismo palestino precisa "não apenas ser condenado, mas ter um fim".
Iasser Arafat também condenou o ataque do Hamas (seu maior adversário interno) e iniciou uma caçada aos seus possíveis mentores. Pelo menos 40 pessoas foram presas na faixa de Gaza e na Cisjordânia depois do ataque. "Não é só um ataque contra civis, mas um ataque contra o processo de paz", disse o principal líder palestino.

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