São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 1996
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Leia a íntegra do discurso de Fernando Henrique

Leia o discurso de FHC na recepção a Alberto Fujimori.
Em nome do povo e do governo brasileiros, quero dizer o quanto me alegra poder recebê-lo em Brasília novamente.
Vossa Excelência honrou-nos com sua presença na cerimônia de minha posse, gesto que interpretei como uma demonstração de grande apreço pelo Brasil. Ao retribuir esse gesto, no momento em que Vossa Excelência foi reeleito pelo povo peruano, quis também expressar a importância que atribuímos às relações com o Peru.
Os encontros dos presidentes do Brasil e do Peru têm sido uma oportunidade para renovarmos e fortalecermos uma amizade.
Uma amizade que traduz uma longa história de paz e entendimento entre dois países, unidos pela vizinhança, pelo desafio do progresso e pela vocação de liberdade de seus povos.
Nossas relações passaram por uma transformação qualitativa nos últimos anos, como resposta não apenas aos acontecimentos políticos e econômicos em cada um de nossos países, mas também aos processos de integração na região e às próprias exigências da globalização.
Temos hoje condições de promover relações mais produtivas de intercâmbio, cooperação e concertação.
Somos países amazônicos que conhecem o valor do seu patrimônio natural e as amplas possibilidades de cooperação que o desenvolvimento sustentável dessa região proporciona.
O Tratado de Cooperação Amazônica, que se encontra em fase de revitalização, é um valioso instrumento diplomático para a ação que queremos compartilhar com nossos vizinhos amazônicos.
Nossa situação geográfica enseja oportunidades reais de integração física que assegurem tanto o acesso dos produtos brasileiros aos portos peruanos do Pacífico, como o de produtos peruanos aos portos brasileiros do Atlântico.
Temos economias dinâmicas e em crescimento, mais abertas e estáveis.
E a essa base sólida se agregam a estabilidade política e o compromisso com o desenvolvimento social, dois elementos fundamentais para que os países em desenvolvimento possam explorar as oportunidades e enfrentar os desafios do mundo da globalização.
Por tudo isso, o Peru é um parceiro próximo e necessário para a diplomacia brasileira, que tem na América do Sul a sua primeira prioridade.
Senhor presidente,
O Brasil e o Peru aproximam-se, hoje, não mais apenas pela vizinhança geográfica. Nossa união ganhou vigor pelo compromisso com reformas estruturais e com uma nova estratégia de desenvolvimento, que nos permita lidar com um mundo em rápida transformação.
Sabemos hoje que o desenvolvimento econômico, a participação eficaz na economia internacional só serão possíveis com a modernização do Estado, a liberalização econômica e a integração ao mercado das massas antes deles excluídas pela combinação perversa de inflação com recessão.
Porque nenhum programa econômico terá êxito se não contar com a participação da sociedade em todos os seus níveis.
É a legitimidade democrática que dá força e sustentação às políticas econômicas.
Esse é o sentido das reformas que estamos implementando no Brasil. Entendemos que esse também é o sentido das reformas que Vossa Excelência vem levando a cabo em seu país.
Os progressos no plano interno de nossos países certamente terão efeito positivo sobre as nossas relações. A participação nos fluxos globais de comércio, investimentos e tecnologias depende cada vez mais de nossa capacidade de viabilizar parcerias externas -regionais e extra-regionais- que possam trazer elementos indispensáveis ao nosso desenvolvimento econômico.
Por isso, além do fortalecimento dos vínculos bilaterais entre os países da região, é de suma importância que avance o processo de integração econômica em curso na América do Sul. Ela é condição necessária para que tenha êxito o ambicioso projeto de integração hemisférica.
Com o Mercosul, o Brasil já deu passos decisivos no processo de integração.
Ponto central de nossa política externa, o Mercosul já é nosso interlocutor para outros países e regiões e está identificando novos parceiros entre os vizinhos sul-americanos, entre os quais o Peru assume importância particular.
Senhor presidente,
Para que esse grande movimento de regionalização possa efetivamente colocar a América do Sul no mapa das grandes decisões internacionais, é preciso mais do que o apego aos ideais de democracia e liberdade econômica: é fundamental que logremos construir e preservar um clima de paz e segurança, baseado na confiança mútua.
Paz e liberdade são elementos indissociáveis da democracia: ambas são garantia de estabilidade e pressuposto do desenvolvimento.
Há poucos dias comemoramos o primeiro aniversário da Declaração de Paz do Itamaraty, que restabeleceu a amizade entre Peru e Equador.
Desde então, o Brasil e os outros três países garantes do Protocolo do Rio de Janeiro têm se empenhado em favorecer o encaminhamento de uma solução pacífica e duradoura para as pendências entre os dois países. Temos justo motivo para orgulhar-nos de nossos esforços.
Mas foi a vontade política das partes em busca de reconciliação que trouxe os avanços mais promissores.
Não há alternativa ao diálogo, à convivência pacífica, à democracia, se queremos que nossa região prospere como um todo.
Senhor presidente,
O Peru se projeta hoje como uma das grandes promessas do desenvolvimento na América Latina.
Nós queremos renovar a nossa parceria com o Peru, nós queremos elevá-la a um patamar mais compatível com o tamanho das nossas economias, a extensão das nossas fronteiras comuns e a nossa situação estratégica na América do Sul.
Essa visita é a garantia de que estamos começando uma nova era nas relações entre o Brasil e o Peru.
E é para festejar este reencontro que quero convidar todos os presentes a se juntarem a mim no brinde que faço à crescente prosperidade do povo peruano, à amizade exemplar que une brasileiros e peruanos e à felicidade e ventura pessoal do presidente Alberto Fujimori.
Muito obrigado.

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