São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 1996
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Novo tipo de hepatite chega ao Brasil

VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um médico brasileiro identificou o primeiro caso de hepatite G da América Latina.
O estudo será apresentado na próxima semana no Congresso de Medicina Tropical, em Goiânia, em agosto no 10º Congresso Internacional de Virologia, em Jerusalém (Israel), e foi submetido à revista médica "The Lancet".
A descoberta desse novo tipo de hepatite foi publicada há um mês por pesquisadores dos Centros para Controle de Doenças dos EUA na revista "Science". Depois da publicação, apenas Japão, França e Alemanha haviam relatado casos de infecção pelo vírus.
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode causar a destruição do órgão. O vírus do tipo G pertence à mesma classe do HIV, causador da Aids: a dos retrovírus.
"Já havia evidências de que pesquisadores descobririam pelo menos mais dois tipos de vírus da hepatite", disse à Folha João Renato Rebello Pinho, 33, do Instituto Adolfo Lutz, que detectou a hepatite G no Brasil.
Existem outros três tipos de vírus da hepatite: A, B e C. Segundo o pesquisador, entre 5% e 20% dos casos não correspondem a nenhum dos três tipos conhecidos.
O médico analisou 13 amostras de sangue de pacientes do Hospital das Clínicas e do Hospital do Servidor, ambos em São Paulo (SP).
As amostras eram de pacientes que não apresentavam sintomas típicos da doença, como urina escura. A forma de hepatite que tinham evoluía rapidamente para a cirrose, capaz de destruir o fígado.
"Uma das amostras mostrou ser do tipo G, pois apresentou uma semelhança ao vírus americano superior a 85%", afirmou Pinho.
Segundo ele, o vírus do tipo G é semelhante ao do tipo C em dois aspectos: está presente em baixas concentrações no sangue e é frágil.
O tipo C costuma ser a forma mais grave e traiçoeira da doença. "Os tipos A e B são mais fáceis de detectar porque se multiplicam mais", disse Pinho.
O médico afirma que ainda é cedo para dizer se a hepatite G é tão grave quanto a hepatite C, pois há poucos casos comprovados.
As técnicas mais usadas para detectar vírus da hepatite não funcionam com o tipo G.

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