São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Presidente ouve defesa de lobbies

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso ouviu anteontem uma apologia do "bom lobby" durante o jantar com representantes da Comissão de Economia da Câmara.
A comissão encampou nos últimos meses a defesa de interesses de setores da indústria nacional.
O anfitrião, deputado Pauderney Avelino (PPB-AM), aproveitou a hora da sobremesa para um discurso em defesa do lobby da indústria têxtil, de calçados, dos produtores de álcool, entre outros encampados pelos parlamentares.
Descontraído, já sem paletó, FHC tratou de explicar que não se opunha à defesa de interesses dentro do Congresso.
Apresentou uma nova versão para a polêmica palestra que deu no Colégio do México, durante o Carnaval. Na ocasião, criticou a ação de lobbies no Congresso.
Rindo, FHC disse que toda vez que torna públicas suas "análises sociológicas" acaba "quebrando a cara". O relato das palavras do presidente foi feito por nove deputados à Folha.
A organização do jantar seguiu o ritual de uma típica "ação lobista", admitiu Pauderney Avelino, que está se despedindo da presidência da comissão.
Na condição de anfitrião, ele promoveu aos convidados uma audiência particular com o presidente, no sofá da sala de sua casa.
Antes de o jantar ser servido, os parlamentares se revezaram ao pé do ouvido de FHC. "Abordei a investida do Banco do Brasil no setor de seguros, que nos preocupa", contou o deputado Herculano Anghinetti (PSDB-MG).
"É mais fácil falar com o presidente do que com seus ministros onipotentes", disse o deputado Severino Cavalcanti (PFL-PE), que reclamou uma ação enérgica do governo na área de seguros e contra o contrabando de estojos para jóias, que estaria gerando demissões em Juiz de Fora.
"Precisamos de afago", disse Antônio do Valle (PMDB-MG), com o apoio dos colegas.

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