São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Corrosão

WILSON BALDINI JR.

O trio de ferro do boxe internacional, formado pelo Conselho Mundial (CMB), Associação Mundial (AMB) e Federação Internacional (FIB), está cada vez mais corroído. O "império" de mais de três décadas, sempre com o mesmo ditador, começa a desmoronar, graças aos erros e ambições de seus dirigentes.
Nesta semana a FIB perdoou o peso-pesado sul-africano Frans Botha, mesmo após exames médicos constatarem a presença de anabolizantes no sangue do lutador durante o combate que valeu o cinturão da entidade, em dezembro passado, na Alemanha. Uma desmoralização total.
Já o CMB e a AMB são as "rainhas" em perpetuar campeões. Dois são os maiores exemplos. O peso-cruzador francês Anaclet Wamba não respeita o tempo máximo para coroar o título em jogo (seis meses), só luta na Europa e ainda quando faz alguma luta o adversário é escolhido "a dedo".
Na AMB, o meio-pesado norte-americano Virgil Hill não fica atrás. Sempre consegue se esquivar dos principais adversários e o seu "maior golpe" são as contusões, que sempre surgem dias antes dos "combates difíceis".
Desta forma, o boxe, que já sofre com o número enorme de campeões mundiais (66) (isto se contarmos apenas quatro entidades).
É o momento da reformulação. Não do surgimento de mais uma "associação de bairro", mas de alguém que esteja interessado em fazer o bem ao boxe.
Com menos de dez anos de vida, a Organização Mundial surge para tomar as rédeas e "organizar" os melhores combates.
Não é por acaso que grandes nomes da atualidade estão se dirigindo para esta nova entidade e abocanhando seus cinturões.
Exemplo: Riddick Bowe (peso-pesado), Oscar De La Hoya (leve), Nassem Hamed (pena), Marco Antonio Barrera (supergalo), Johnny Tapia (supermosca) e Alberto Jimenez (mosca).
Em maio passado, La Hoya conquistou também o título da FIB. Chateado, ele afirmou: "Queria tanto este cinturão, mas vejo que existem pessoas querendo ganhar muito dinheiro comigo".
La Hoya recebeu uma proposta de US$ 50 mil para colocar seu título da FIB em jogo e US$ 1,5 milhão para o cinturão da OMB.
Uma coisa é certa. O boxe ainda é dirigido por pessoas que tanto mal fizeram a ele em mais de cem anos de pugilismo moderno. Mas, com certeza, os lutadores não são os "carneirinhos" de antigamente.

Notas
Frase do peso-pesado norte-americano Mike Tyson sobre os 115 quilos de músculos do inglês Frank Bruno: "É sempre bom lutar com ele. Bruno é tão grande que, mesmo desferindo um golpe errado, o acerto". Os dois se enfrentam dia 16, em Las Vegas. Vale o cinturão do CMB.
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Vários lutadores da categoria dos cruzadores (até 86,183 quilos), liderados por Al Cole -campeão da FIB- pretendem apresentar um projeto aos dirigentes. Eles querem trocar o nome da categoria, que segundo eles não foi "agradável" ao público. A ídéia é adotar a nomenclatura amadora entre os profissionais. Os cruzadores passam para pesados e os pesados, para superpesados.
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Os supermédios Reginaldo "Holyfield" Andrade e Maurício Amaral lutam dia 22 e não mais dia 29 de março, em Salvador.
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Quase tudo pronto para o combate entre Adilson "Maguila" Rodrigues e o cubano Aurélio "Toyo" Perez. Só falta acertar a data. A luta deveria ter acontecido no mês passado, mas questões financeiras prejudicaram o acordo. Em jogo, os títulos brasileiro, sul-americano e mundial (FMB) que pertencem ao Maguila.

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