São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996 |
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TVs dos EUA aceitam 'autocensura'
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Depois de terem resistido durante décadas à idéia de autocensura, os líderes da TV norte-americana resolveram aceitá-la para evitar a intervenção prometida pelo governo caso eles não agissem. Antes de cada programa, um sinal eletrônico será emitido com a sua classificação. O sinal será decodificado por equipamento eletrônico (o chip V, "v" de violência) nos aparelhos de TV, capaz de bloquear a recepção. Em cada casa, os pais poderão determinar, com um aparelho parecido com um programador de videocassete, em que horários quais faixas de classificação serão recebidas pelo seu aparelho. A União Americana de Defesa das Liberdades Civis protesta contra o esquema, previsto na Lei de Telecomunicações assinada por Clinton no mês passado, por considerá-la violação da liberdade de expressão. A lei determinou que todos os aparelhos de televisão feitos a partir de março deste ano sejam equipados com o chip V e que, se a indústria de TV não criasse um sistema de censura classificatória, o governo o faria. Programas noticiosos e esportivos não serão classificados. Os demais, de acordo com o grau de violência e erotismo, receberão classificações como as que existem na indústria cinematográfica. Os filmes nos Estados Unidos recebem quatro classificações, de livre à proibição para menores de 17 anos. Há grande discordância entre os executivos de TV sobre como classificar desenhos animados e telenovelas. Clinton, que diversas vezes ameaçou censurar programas de TV, elogiou os executivos pela sua mudança de posição: "Nós estamos devolvendo o controle remoto para as mãos dos pais", disse. Sistema parecido com o que será adotado nos EUA está sendo testado há um ano no Canadá, com sucesso, segundo pesquisas de opinião pública. Um dos problemas para o sistema funcionar nos EUA é a quantidade de programação disponível: 611 mil horas por ano (em comparação com mil horas de cinema por ano). Há outras propostas em tramitação no Congresso para ampliar a influência do Estado sobre as TVs. Elas incluem a instituição de horário eleitoral gratuito e a obrigatoriedade de se exibir apenas "programas familiares" até as 21h. Próximo Texto: EUA acabam com visto para argentinos Índice |
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