São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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EUA extinguem visto para argentinos

DENISE CHRISPIM MARIN; CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE BUENOS AIRES

O secretário de Estado norte-americano, Warren Christopher, afirmou ontem, em Buenos Aires, que os argentinos não necessitarão de visto para entrar nos Estados Unidos a partir do final deste ano.
Christopher declarou diante do chanceler Guido Di Tella que a Argentina será o primeiro país latino-americano cujos cidadãos não necessitarão de visto para os EUA.
A decisão do governo norte-americano, segundo o secretário de Estado, está embasada no fato de que a Argentina teria cumprido alguns critérios econômicos e políticos estabelecidos.
Funcionários consultados pela Folha admitiram que também houve avaliação do número de pedidos de visto de argentinos rejeitados nos últimos anos. A média teria sido a mais baixa entre os países da América Latina.
Os argentinos não necessitam, atualmente, de visto no passaporte para entrar na França e na maioria dos países da Europa.
Entre as autoridades argentinas, a declaração de Christopher surpreendeu mais por estabelecer uma data. Isso porque as negociações sobre esse tema estavam desenrolando desde o início de 1994.
Na Argentina, as declarações de Christopher foram recebidas como resultado da mudança de orientação da política externa do país.
Tradicionalmente vinculada com a Europa Ocidental, a Argentina deu uma guinada em sua posição e votou conforme a determinação dos Estados Unidos em 70% dos últimos fóruns internacionais.
O país também está respondendo internamente à orientação dos Estados Unidos para acirrar o controle do narcotráfico e para alterar o perfil de suas Forças Armadas.
Nos últimos dois anos, também se registrou uma inversão no comércio exterior entre ambos países. As exportações argentinas para os EUA tiveram queda de 27,5%. Já as importações de produtos norte-americanos aumentaram em 4% no mesmo período.
O Itamaraty informou que não vai pleitear a liberação de vistos dos Estados Unidos para brasileiros só porque o benefício foi concedido à Argentina.
O embaixador do Brasil em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, disse que não tinha comentários por não conhecer os termos do anúncio de Christopher.

Colaboraram CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA, de Washington, e a Sucursal de Brasília.

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