São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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CPI, sombras e luzes

Está se tornando inescapável a necessidade de se criar uma CPI sobre o sistema financeiro. A sucessão de irregularidades vindas a público, nos últimos dias, a propósito do episódio do Banco Nacional, levantou tal quantidade de dúvidas e inquietações que não resta outro caminho para esclarecê-las.
Claro que uma CPI traz consigo um inevitável componente político e o risco de que as oposições tratem de aproveitá-la como um palanque a partir do qual atacar o governo, em vez de investigar o problema que a suscitou.
É um risco, porém, menor do que o de permitir que permaneçam -e se ampliem- as dúvidas sobre a forma de fiscalização do sistema financeiro e, em decorrência, sobre a própria saúde desse sistema.
Para superar o risco latente de politização, seria conveniente que a CPI não se limitasse a investigar o passado. Que é necessário fazê-lo, não há dúvida. Mas, por mais que se apure tudo, a investigação não vai, é óbvio, ressuscitar o Nacional.
Tão importante quanto descobrir culpados pelos erros do passado é apontar caminhos para que eles não se repitam no futuro. Uma CPI, com a característica intrínseca de ouvir os mais diferentes segmentos da sociedade, seria o foro adequado para que surgissem e fossem por ela consolidadas, no relatório final, propostas consistentes para criar um mecanismo eficaz e rápido de fiscalização do BC sobre o sistema financeiro. Não falta ao BC competência técnica para tanto. Falta-lhe independência política.
Sombras sobre qualquer atividade nunca são boas. Sobre um sistema tão delicado como o financeiro podem ser terríveis. Uma CPI funciona como um jorro de luz que só quem age nas sombras pode temer.

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