São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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PC e BC

CARLOS HEITOR CONY

RIO DE JANEIRO - As últimas novidades do cenário nacional revelam que o Esquema PC, responsável pela eleição de Fernando Collor, foi eficientemente substituído pelo Esquema BC que elegeu o outro Fernando, também conhecido como FHC.
As cifras foram atualizadas entre uma eleição e outra. Paulo César Farias jamais pensaria em pagar R$ 25 bilhões ao esquema bancário que entrou em pane. Tampouco pensaria na hipótese de uma CPI em cima de seus livros de caixa, de seus computadores e dos trocados de seu bolso. Deu-se relativamente mal.
O Esquema BC ainda tem fôlego para receber a solidariedade do atual presidente, que procura manobrar com mais habilidade do que Collor para impedir uma CPI em cima de suas operações desde que FHC se empossou na Fazenda.
A disparidade de números é assombrosa. Paulo César Farias, afinal, conseguiu eleger Collor e botar um grupo no poder gastando bem menos do que o Banco Central deixou escapar por diversos ralos. Pior: quem pagou o esquema PC pagou com dinheiro de seu bolso, de sua empresa. No caso do Banco Central, toda a fortuna que irá garantir "a credibilidade bancária" sairá do bolso de cada um de nós, que pagamos impostos e taxas.
O caso Sivam é irrisório diante da dinheirama que foi gasta por meio de bancos, financeiras, empresas que descontaram títulos na rede bancária, dinheirama abençoada por sucessivas administrações do BC. Outro dia, foi publicada a relação das despesas da campanha -excluídas as numerosas caixas 2. O atual governo foi eleito com uma quantia que envergonharia Collor e faria PC suicidar-se.
A única diferença, até agora, é que Collor, bajulado pela mídia da época, achou que podia esnobar e não soube negociar com o Congresso o suficiente: pegou uma CPI em cima.
Pelo que se vê, FHC, em se tratando de negociar com o Congresso, não tem os escrúpulos de Collor. Joga pesado. A CPI ainda não saiu e talvez não saia. Mas o jogo continua, são 11 contra 11 e a bola é uma só.

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