São Paulo, segunda-feira, 4 de março de 1996
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'Sexo é como droga, só se vacila uma vez'

ROSELY SAYÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

* "Li nesta coluna no dia 29 de janeiro sobre a garota de 14 anos que pensa estar grávida e com Aids e fiquei muito emocionado. Escrevo para alertar aos jovens que sexo é bom, mas deve-se tomar cuidado. Conheço muitas garotas assim, mas pensei que isso não aconteceria comigo. Vacilei. Hoje, com 21 anos, não sei se existirá amanhã para mim. O sexo é como a droga: só se vacila uma vez; por isso espero que todos se previnam."
Resposta
Cara, sua carta, sim, me deixou emocionada. Acho que vai deixar também muitos leitores. Você escreveu para pedir que a galera se previna. E eu a publico para, em primeiro lugar, tentar dar uma força para você e, em segundo, para que você me ajude a convencer essa moçada que tudo pode acontecer com qualquer um.
Imagino a barra que você deve estar passando. Você tem muito o que fazer em seu amanhã. Procure se cuidar, buscar a melhor qualidade de vida possível. Enfrente a situação com força e dignidade. Procure os amigos, pense em um projeto de vida para você. Sim, de vida.
Quem sabe essa sua carta não pode se transformar em um trabalho para você? Pegue sua idéia e trabalhe nela. Ninguém melhor que você e pessoas como você, jovens assim, para batalhar por uma prática sexual mais segura entre os jovens.
E vocês todos outros, nada de vacilar! Não pode! Um único vacilo, vocês estão vendo, pode ser fatal. Há vírus piores do que o HIV: o da ignorância, do preconceito, do avestruz (que enfia a cabeça no buraco para não ver nada), da intolerância, da onipotência, entre outros. Se vocês se livrarem desses, vão se proteger do HIV.
Vamos lá, todo mundo agindo de forma responsável! Sexo é bom, sim, ninguém duvida. Mas para que possa proporcionar prazer e vida precisa ser praticado com segurança. Não vou me cansar de dizer a vocês: só com a borrachuda!
Mesmo com o namorado em que você confia e por quem morre de paixão; mesmo com a garota de seu colégio ou de sua turma. Mesmo que ele não toque no assunto; mesmo que ela seja virgem.
Leitor, a última palavra é sua: "espero que todos se previnam".

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