São Paulo, segunda-feira, 4 de março de 1996
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Tezza vê a Curitiba cruel

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A imagem de Curitiba como cidade-modelo, sinônimo de modernidade e qualidade de vida, esconde facetas obscuras da capital paranaense -é o que mostram os livros de Cristovão Tezza, 43, e o novo filme de Sylvio Back, "Making of Curitiba" (leia abaixo).
Embora nascido em Lages (SC), Tezza tem vivido a maior parte de sua vida em Curitiba, e é considerado o mais importante escritor curitibano desde Dalton Trevisan.
"Curitiba é um biotério da classe média. Apesar da aparência moderna, tem uma sociedade extremamente conservadora, o que é muito bom para o escritor", disse Tezza à Folha.
No mais recente dos nove romances que publicou, "Uma Noite em Curitiba", lançado no final do ano passado pela Rocco, Tezza conta a história de um respeitado professor universitário que joga carreira e família para o alto ao se apaixonar por uma atriz que conheceu na juventude.
Em todos os livros do autor, há a tensão entre um modo de vida estável e o impulso em direção ao abismo do desejo, da paixão e da loucura. Na atmosfera introspectiva de Curitiba, Tezza encontrou o ambiente ideal para o "universo marginal, do inadaptado", que expõe com virtuosismo narrativo.
"Em nenhum lugar do mundo o olhar do Outro será tão mortal como em Curitiba", escreveu Tezza numa crônica que será utilizada em "Making of Curitiba".
É essa percepção do mundo curitibano como um mundo sutilmente cruel que aproxima Tezza de Dalton Trevisan, a quem ele considera "um grande mestre do conto". "Mas enquanto Dalton economiza palavras, meu projeto é chegar às 400 páginas", ressalva Tezza, cujos livros anteriores -a começar de "Trapo", de 82- estão sendo relançados pela Rocco.

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