São Paulo, segunda-feira, 4 de março de 1996
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Atentado a bomba mata 19 em Israel

Peres declara guerra ao Hamas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 19 pessoas morreram e sete ficaram feridas ontem em um novo atentado suicida contra um ônibus no centro de Jerusalém (Israel). O Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), que se opõe à paz entre israelenses e palestinos, reivindicou o atentado.
É o terceiro ataque na última semana. Na semana passada, dois atentados mataram 28 pessoas e feriram outras 80.
O primeiro-ministro israelense, Shimon Peres, declarou guerra total ao grupo terrorista. "Todos nós concordamos em destruir essa organização. Não nos envergonhamos de tomar qualquer medida. Decidimos dar a essa guerra total prioridade", disse.
Pela primeira vez, o premiê chegou a questionar a retirada do Exército israelense de Hebron (Cisjordânia), prevista para o final de março. "Não haverá aplicação unilateral do acordo."
Peres responsabilizou a Autoridade Palestina pelos três atentados da última semana. "Para nós, são tão terroristas como aqueles que colocam as bombas", disse.
Peres visitou o local do ataque e foi recebido por manifestantes com gritos de "fora".
A polícia israelense prendeu 17 pessoas que se manifestavam contra o governo e tentavam romper a barreira para entrar em Jerusalém oriental, controlada pelos árabes.
A explosão do ônibus, da linha 18, a mesma atingida por uma bomba no domingo passado, ocorreu junto ao edifício central do correio, região central de Jerusalém, à 1h25 (hora de Brasília).
O atentado acontece após a o Hamas ter proposto um cessar-fogo até o próximo dia 8 ao governo de Israel. O grupo anunciou ontem uma nova trégua por um período de três meses, alegando que esse teria sido o último atentado.
O chefe da oposição e líder da frente de direita Likud-Tsómet, Binyamin Netanyahu, disse que "apoiará todas as medidas do governo contra o terrorismo".
O presidente israelense, Ezer Weizman, afirmou ontem que Israel está em guerra. "Estamos em guerra e peço ao governo que reflita sobre a situação. Isso não pode continuar", disse.
Segundo Weizman, "todos os que estão envolvidos com a campanha eleitoral devem encontrar uma solução para o problema".
A Frente Popular para a Libertação da Palestina disseram que o ataque suicida foi "natural".
"O atentado foi uma reação lógica e natural do povo palestino aos assentamentos israelenses impostos em nome do processo de paz", afirmou um porta-voz do grupo.
Segundo um porta-voz da frente, "parar o círculo de violência em todas as suas formas depende da eliminação de sua principal causa: a ocupação de Israel".
O responsável pelo ataque tinha 26 anos e era professor em uma escola na periferia de Israel. Salim Omran Obeido era conhecido como "uma pessoa religiosa". A rádio militar israelense disse que Obeido havia estudado na Universidade de Bir Zeit (Cisjordânia).

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