São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Depoimento agrada mercado

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela leitura do mercado financeiro, ele próprio personagem da crise do Nacional, o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, foi bem no depoimento no Senado.
No fim do dia, o ambiente era de alívio. Considerava-se bem mais distante a hipótese de uma CPI do BC ou do sistema financeiro, hipótese que mais inquieta o setor.
A Bolsa de Valores de São Paulo, que começou o dia em pequena queda, terminou com pequena alta. E entraram dólares.
A única novidade foi uma indicação de alta nas taxas de juros. Mas esse movimento foi atribuído a outro diretor do BC, Gustavo Franco, que está em Tóquio vendendo títulos do governo brasileiro.
Segundo informações que circulavam nas mesas de operação, Franco admitiu a possível elevação no Imposto sobre Operações Financeiras, o que elevaria os juros.
Mas ficou nisso. A atenção estava mesmo concentrada no desempenho de Loyola, afinal considerado suficiente para ganhar o jogo.
Ganhar o jogo, no caso, é evitar a CPI do sistema financeiro. O problema, comentam executivos de bancos, é que qualquer CPI é basicamente um processo político. Assim, deixar o sistema financeiro sob julgamento político por um longo período seria criar uma instabilidade perigosa.
Uma CPI poderia, por exemplo, forçar o BC a revelar o nome dos bancos que eventualmente estejam tomando dinheiro emprestado. Esse tipo de informação seria entregue à CPI em caráter sigiloso.
Mas como se viu em outras CPIs, nunca uma informação reservada deixou de vazar para a imprensa. E tornando-se público que um banco precisou de empréstimo do BC para fechar seu caixa, ainda que num único dia, esse banco está morto.
Em resumo, na opinião do mercado, a CPI criaria tal insegurança que a tendência dos clientes seria concentrar recursos nos grandes bancos no Banco do Brasil, que, por lei, não quebra.
Isso deixaria bancos menores sem dinheiro, necessitando cada vez mais de assistência do BC.

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