São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Crise seria incalculável em 95, diz FHC

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, ao deixar o Rio de Janeiro para Brasília, que não sabe calcular quais teriam sido as consequências caso a crise nas contas do Banco Nacional tivesse vindo a público em outubro do ano passado, quando foi detectada pelo Banco Central.
Às 15h55, antes de entrar no avião, disse que o presidente do BC, Gustavo Loyola, vai ser mantido no cargo.
"Eu não sou técnico nessa matéria mas perguntem a eles (o Banco Central) que consequência teria. Só se for para o gozo de quem quer ver o circo pegar fogo", disse FHC.
Para ele, o governo "é responsável" e "tem de pensar no país, no povo e nos recursos do povo que estão nos bancos".
"O que me interessa é o Banco Central atuar, ou seja, investigar, não se precipitar -mas ser sério na investigação. Depois, se for o caso, enviar para o procurador para que a justiça se cumpra", disse o presidente.
"Isso é o que deve ser feito e o que está sendo feito com muita propriedade", completou. Fernando Henrique afirmou ainda que o Banco Central não está escondendo nada de ninguém. "Pelo contrário: se vocês (a imprensa) sabem das coisas é porque o Banco Central apurou".
FHC disse que o Banco Central não falhou na condução do caso Nacional.
"O Banco Central está fazendo o trabalho dele. Nós não tivemos uma crise financeira e conseguimos superar as dificuldades", disse o presidente.
Oposição
Fernando Henrique disse que não está preocupado com a representação feita pelo deputado Ivan Valente (PT-SP) junto ao Supremo Tribunal Federal por sua atuação no caso do Banco Nacional.
"O que faz um deputado de oposição senão criar caso, mesmo falsos?", questiou FHC. "É isso o que eles fazem", completou.
Protesto
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o protesto ocorrido durante sua visita a Belo Horizonte no dia anterior teve como alvo o prefeito Patrus Ananias, do PT.
"A manifestação era de grevistas lá de Minas, negócio de motorista de ônibus, professores. Uma briga local, de setores da CUT (Central Única dos Trabalhadores) contra o PT. Eu assisti de camarote", disse o presidente.
FHC almoçou com cerca de 150 correspondentes estrangeiros na sede da Confederação Nacional do Comércio (centro). O quarteirão foi cercado por 45 policiais militares, além de agentes da Polícia Federal e das Forças Armadas.
As respostas genéricas e falta de novidade foram as principais reclamações dos correspondentes após sua primeira entrevista coletiva com FHC. Alguns saíram durante a entrevista, que durou uma hora e meia.
Ao sair, o norte-americano Michel Astor, da revista "Dow Jones", deixou com jornalistas brasileiros, que não tiveram acesso ao local, a fita cassete com a gravação da entrevista.
Caroline Bulloch, da agência inglesa "Reuters", disse que FHC "foi diplomático e estava bem relaxado, mas para a agência, que queria saber sobre a crise do banco Nacional, não falou nenhuma novidade".
"Ele saiu pela tangente. Não deu manchete", disse Carlos Vieira, do jornal português "O Independente".
Afirmou que o Brasil quer um lugar no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para mudar "a distribuição de poder no mundo".

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