São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996 |
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Morte dos Mamonas não foi culpa do piloto
BARBARA GANCIA
Pois eu digo: colocar a culpa no piloto Jorge Luiz Germano Martins, além de injustiça, constitui uma negligência grosseira. A saber: apesar do suposto glamour da profissão, no Brasil o piloto de jatinho é, como todos os trabalhadores, mais uma vítima da situação social. Muitas vezes, sabe que está correndo perigo, que não lhe foram dadas condições adequadas de treinamento. Mas, como tem família para sustentar, não pode se dar ao luxo de mandar o patrão às favas. Em terras tapuias não existem escolas profissionalizantes para pilotos de jatos como o Lear. Se existissem, teriam custos proibitivos. E a grande maioria das empresas de táxi-aéreo não pertence a especialistas no ramo, mas a empresários que montam firmas de meia-pataca, visando alugar a aeronave particular apenas para amortizar custos de leasing e manutenção. As poucas empresas sérias de aluguel de aviões costumam enviar periodicamente seus pilotos para treinamento em simulador nos EUA. Para se ter uma idéia, esses cursos duram em média 10 dias e custam cerca de US$ 17 mil por piloto. Ou seja, US$ 34 mil para treinar comandante e co-piloto, já que se trata de uma dupla que deve funcionar como equipe e, portanto, tem de treinar como equipe. Adicione-se a esse custo passagens e estada nos EUA. O leasing de um avião nos moldes do Lear Jet PT-LSD sai por qualquer coisa em torno de US$ 100 mil semestrais, durante uns cinco anos. À primeira vista, não se trata de uma exorbitância para o tipo de empresário que alcançou certo patamar. Só que quando começam a chegar contas de manutenção da ordem de US$ 50 mil a tacada, ele resolve cortar os gastos. E isso inclui os cursos de atualização dos pilotos. Pense nisso na próxima vez que acusar José Luiz Germano Martins de barbeiro. Texto Anterior: Feldmann quer apenas 1 multa Próximo Texto: Troco; Ao estilo soviético; Carapuça Índice |
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