São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Souza Cruz vende suas ações da Aracruz

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A Souza Cruz vai vender sua participação de 28% de ações ordinárias (com direito a voto) na Aracruz Celulose S.A., segundo informou o presidente da empresa de fumos e cigarros, Flávio Andrade.
Andrade disse esperar receber por sua participação de quase um terço na Aracruz não menos de US$ 230 milhões.
Ele informou também ser difícil definir se a venda ocorrerá ainda neste ano, dada a complexidade da operação.
A Souza Cruz já havia vendido, por outros US$ 230 milhões, sua participação nas ações preferenciais, sem direito a voto.
Segundo Andrade, a razão para a venda é focar a empresa em seu negócio principal, que é a industrialização e a venda de fumos e cigarros.
A Aracruz Celulose é especializada na produção de papel e tem a maior parte de seu faturamento na exportação. Os outros sócios principais são os grupos Lorentzen e Safra, com 28% de participação cada um.
Segundo Andrade, os sócios não têm direito de preferência na compra das ações, mas eles já mostraram interesse em aumentar suas participações.
Andrade diz que tem recebido contatos para negociar a participação na Aracruz tanto de grupos nacionais quanto de grupos estrangeiros de empresas.
Andrade disse que o dinheiro conseguido com a venda da participação da Aracruz será investido na modernização de equipamentos para as fábricas de fumos e cigarros.
O objetivo dessa modernização é reduzir os preços dos produtos e ganhar maior competitividade internacional.
O Brasil é hoje o segundo exportador mundial de fumo e a Souza Cruz, isoladamente, é a maior empresa exportadora de fumo do mundo. No ano passado foram exportadas 78 mil toneladas.
A Souza Cruz lucrou R$ 192 milhões no ano passado, um lucro 110% maior do que em 1994. O faturamento foi de R$ 5,631 bilhões, segundo o balanço da empresa.
Andrade informou que começa a operar no primeiro semestre sua fábrica de cigarros em Cuba, em sociedade com o governo cubano. Serão, em uma primeira etapa, 500 milhões de cigarros por ano.
O primeiro cigarro a ser lançado, a marca cubana Popular, terá uma inovação. Será o primeiro cigarro cubano com filtro, mas manterá o fumo negro. Ainda em 1996, a Souza Cruz pretende lançar o cigarro Continental, de fumo claro, consumido no Brasil.
Andrade avalia que o mercado cubano é de 12 bilhões de cigarros por ano (no Brasil, são 8 bilhões de cigarros por mês). Ele disse que espera, no primeiro ano, conquistar 5% do mercado cubano.

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