São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Obra mostra a história de Jerusalém

CD está em inglês e opera em PC e Mac

HENRY I. SOBEL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um CD-ROM interessante e criativo foi lançado recentemente nos Estados Unidos por Simon & Schuster.
"Jerusalém: Uma Peregrinação Interativa à Cidade Santa" oferece um panorama histórico, geográfico e cultural dessa cidade que, para muitos, é a mais fascinante do mundo.
Há 3.000 anos, o rei David a escolheu como capital do reino de Israel. Mil anos mais tarde, Jesus de Nazaré, descendente do rei David, pregou e morreu em Jerusalém. O profeta Maomé viveu, 700 anos depois, nessa mesma cidade.
Jerusalém é a cidade onde se cruzam as três religiões monoteístas. Talvez seu maior atributo seja a capacidade de tocar a alma de todos.
O CD-ROM retrata a dimensão multirreligiosa da Cidade Santa, embora enfoque principalmente seu papel na tradição cristã.
A história de Jerusalém antes da época de Jesus é praticamente ignorada.
Uma das opções de entretenimento é o jukebox histórico: clicando na moeda de determinado período, ouve-se uma música da respectiva época.
Os cânticos dos tempos bíblicos não constam! Os criadores do CD se esqueceram de que os instrumentos de sopro e de cordas já faziam parte da vida de Jerusalém antes da conquista da cidade pelos romanos.
O próprio rei David era exímio músico, e muitos dos seus salmos eram acompanhados por instrumentos musicais.
Apesar dessas ressalvas, o saldo do CD-ROM é altamente positivo. Imagens, sons e narrativas se entrelaçam, proporcionando uma experiência pedagogicamente rica.
A tecnologia de multimídia assume o papel de guia turístico, orientando-nos ao longo da excursão.
A sensação que fica depois de assistir ao CD (ou melhor, interagir com ele) é de que Jerusalém tem a capacidade de cumprir a profecia inserida em seu próprio nome: Yerushalayim, palavra hebraica derivada de Ir-Shalom, Cidade da Paz.
Qualquer pessoa que passeie hoje pelas ruas de Jerusalém ao entardecer e veja os judeus rezando suas preces no Muro Ocidental, enquanto ouve o badalar dos sinos numa igreja das proximidades e o canto plangente de um muezim chamando os muçulmanos à oração, sentirá que a fraternidade humana não é um sonho inatingível.

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