São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Londres nega que abrigue grupo islâmico

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

O Ministério do Interior do Reino Unido está sendo pressionado a investigar a possibilidade de membros do grupo terrorista Hamas, que assumem a responsabilidade pelos últimos ataques a bomba em Israel, estarem utilizando Londres como uma das bases de apoio para suas atividades.
Ontem, o deputado do Partido Trabalhista britânico Greville Janner enviou carta ao ministro do Interior do país, Michael Howard, em que pede a abertura de um inquérito sobre a suposta atividade de grupos terroristas no Reino Unido.
"Nos últimos anos, tenho recebido alegações de que o Reino Unido tornou-se um paraíso para terroristas", disse Janner ontem, em entrevista à Folha.
Segundo ele, Londres poderia estar servindo de base para planejamento de atos terroristas e propaganda, assim como para coleta de fundos destinados ao Hamas e outras organizações junto à comunidade árabe britânica.
Há especulações não-confirmadas de que o Hamas teria levantado cerca de US$ 11,2 milhões no Reino Unido no último ano e utilizaria a City de Londres, centro financeiro da cidade, para a lavagem do dinheiro arrecadado.
Em 1995, descobriu-se que Ramadan Shallah, líder do grupo Jihad Islâmica (Guerra Santa, junto com o Hamas o mais violento opositor do acordo de paz firmado entre israelenses e os palestinos), morou durante três anos no Reino Unido, período em que se doutorou em economia pela Universidade de Durham. Ele deixou o país em 1990.
Anteontem, o embaixador de Israel na Organização das Nações Unidas, Gad Yakobi, também enviou carta ao Conselho de Segurança da ONU em que pede cooperação internacional no desmantelamento de bases de apoio do Hamas na Europa e nos EUA.
"Nós não vimos nenhuma prova que dê suporte às alegações de que fundos levantados pelo Hamas no Reino Unido sejam utilizados diretamente no apoio de atos terroristas", afirmou porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
Militares israelenses avaliam que o Hamas recolha cerca de 85% de suas verbas no exterior, sendo 30% no Ocidente.

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