São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Taiwan entra em alerta contra China

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Taiwan colocou ontem suas tropas em estado de alerta e lançou um apelo à comunidade internacional para que reaja diante da decisão chinesa de realizar exercícios militares com mísseis em área próxima ao litoral de Taiwan.
A China advertiu os Estados Unidos para que não interfiram em "assuntos internos" chineses. Referia-se à crise com Taiwan.
A disputa entre Taiwan e China representa um dos maiores focos de tensão na Ásia.
Em 1949, os comunistas venceram a guerra civil e conquistaram o poder em Pequim. Os nacionalistas, derrotados, se refugiaram na ilha de Taiwan.
China e Taiwan defendem a reunificação, mas com critérios diferentes. O governo comunista admite que a "ilha rebelde" mantenha o capitalismo, porém submetendo-se ao poder de Pequim.
Os nacionalistas de Taiwan exigem a democratização para negociar uma eventual volta ao poder central. No próximo dia 23, Taiwan terá as primeiras eleições presidenciais de sua história.
A China vai realizar os seus exercícios com mísseis para intimidar os eleitores. Quer convencê-los a não votarem em Lee Teng-hui, o atual presidente.
Ele é o favorito na eleição. A China o acusa de renunciar ao objetivo de reunificação e buscar a independência de Taiwan. Os comunistas esperam que a ameaça militar leve os eleitores de Taiwan a votarem em candidatos que defendem uma linha de maior aproximação com o regime de Pequim.
Os exercícios militares serão realizados entre os dias 8 e 13 deste mês e podem levar ao fechamento dos dois principais portos de Taiwan. Os exercícios com mísseis terra-terra serão realizados em duas áreas que ficam entre 50 km e 20 km de Taiwan.
Taiwan teme eventuais acidentes durante os exercícios. Um míssil poderia errar o alvo e cair sobre a ilha, mas em áreas não habitadas.
O Ministério da Defesa de Taiwan ordenou às suas tropas que "reajam de maneira racional". Taiwan espera que países como EUA e Japão pressionem a China para que ela desista dos exercícios.
Mas o governo comunista acusa Washington de armar Taiwan e incentivar o país a se afastar de Pequim.
Taiwan também teme os efeitos da pressão chinesa sobre sua economia. Os exercícios militares parecem arquitetados para mostrar a vulnerabilidade da ilha caso Pequim decida impor um bloqueio econômico.
Os exercícios militares podem provocar uma retração no comércio exterior de Taiwan. A instabilidade levaria exportadores e importadores a desacelerarem suas atividades.
As cotações na Bolsa de Valores em Taipé (capital de Taiwan) caíram ontem, em média, 1,29%.
Dois exercícios militares feitos pela China em 1995, próximos à "ilha rebelde" provocaram também queda nas cotações das ações negociadas em Taipé.

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